O painel tem 20 metros de comprimento: começa com as origens da Terra quando o ambiente se tornou capaz de acolher a vida e termina com o aparecimento do homem na Terra ocupando escassos vinte centímetros.
Este miradouro tem as marcas do tempo muito antigo e tem a história recente da descoberta desse tempo antigo com as pegadas dos dinossauros da serra de Minde. Começa com a exploração de uma pedreira pelo senhor Galinha (daí o insólito nome do lugar) que ia retirando, camada a camada, o calcário inclinado das dobras da serra e vendendo para construção.
Um dia o senhor Galinha adoeceu e a exploração parou, deixando exposta uma superfície lisa e inclinada. Durante esse tempo, jovens espeleólogos vieram acampar na parte mais baixa da última camada e, ao acordar, a luz rasante do nascer do sol fez aparecer em sombra o relevo das pegadas como conchas a marcarem trilhos, confirmando a passagem dos animais que ali viveram no Cretácico.
A descoberta foi anunciada ao Parque da Serra de Aire e Candeeiros e a chefia do Instituto de Conservação da Natureza , percebendo o interesse da descoberta, e o potencial que poderia trazer ao Parque Natural de Serra de Aire e Candeeiros, decidiu comprar os direitos de exploração do senhor Galinha e transformar a pedreira num local de visita às pegadas dos dinossauros. As construções de apoio às pedreiras foram transformadas em entrada, gift shop e em camaratas para jovens, e foi feita uma estátua de um saurópode a partir da sua pegada, um enorme animal em tamanho real e feito em estrutura de ferro. Por ter tido uma pequena maqueta feita em arame, os técnicos chamam-lhe aramarossauro, mas é hoje um enorme dinossauro que nos permite imaginar a sua dimensão real, que se vê de longe num ressalto da linha de silhueta, quando a serra de Minde nos aparece de perfil. Agradecemos por não termos sido contemporâneos deles no globo terrestre.
Todo o design dos painéis de informação, das guardas, do grande painel, deve-se ao arquitecto José Pedro Martins Barata, que procurou representar as origens do mundo e a evolução da vida na Terra, tendo o apoio científico em paleontologia de Vanda Santos. Desenhou com precisão, numa escala cronológica, o ambiente dos períodos pré-históricos até ao dos nossos dias.
Junto ao painel, sobre lajes correspondentes às sucessivas explorações da pedreira, foi plantado um jardim sob a Coordenação do botânico Fernando Catarino. Foram escolhidas as plantas que coabitavam com os dinossauros no nosso planeta: Cycas, Ginko Bilobas, fetos, araucárias, teixos, zimbros e a água para este jardim é recolhida nas grandes superfícies de pedra exposta e conduzida para uma cisterna que armazena no Inverno e distribui no Verão a água para rega.
O miradouro em si é constituído por um grande trilho que circunda por cima toda a pedreira e os caminhos dos dinossauros partilham, num mesmo ângulo da nossa vista, a paisagem actual em que vivemos e a placa de pedra onde se inscreveu o tempo sobre a Terra, que nos arrepia por ser tão profundo e tão distante, fazendo deste miradouro linear um espaço aberto sobre a paisagem do Vale do Tejo que se estende plana até onde a nossa vista alcança e a nossa imaginação nos leva.