Ilda observa-nos com curiosidade enquanto tomamos nota do nome de dezenas de flores que vende na sua banca no Mercado dos Lavradores, no Funchal. Todos os dias está aqui, a partir das oito da manhã e até ao final da tarde, vestida com o traje tradicional da Madeira, vendendo flores ao lado de várias outras floristas. À nossa volta, os turistas passeiam pelo mercado, admirando e provando as extraordinárias frutas, observando os peixes do Atlântico e descobrindo produtos que não se encontram em Portugal continental.
Entre esses produtos exóticos estão as flores. Se há aqui rosas ou orquídeas (algumas das quais, queixa-se Ilda, vêm de fora a preços muito mais baixos, tornando mais difícil a vida às flores de produção local), quando lhe falamos do Dia dos Namorados a florista tem uma opinião muito convicta: para quê estarmos a oferecer rosas se há na Madeira tanta flor diferente e especial?
Na banca de Ilda há muito por onde escolher, entre flores e sementes para as cultivar. Existem as estrelícias, claro, mas essas vieram da África do Sul e, não se sabe exactamente porquê, acabaram por se tornar o símbolo da ilha, derrotando nesse concurso outras espécies mais antigas no território, que tem, calculam os especialistas, cerca de 150 flores endémicas.
Existem, por exemplo, no seu azul levemente arroxeado, ou na variedade branca, com os seus longos e elegantes caules, os agapantos, também chamados coroas-de-rei. Ou as proteas — essas vindas também da África do Sul — e que se apresentam em muitas variedades diferentes, de folhas aveludadas e interiores intrincados ou em dezenas de alfinetes lançados para o ar, estas chamadas, claro, de alfineteiras. Os torrões-de-açúcar de botões verdes que se transformam em pequenas flores brancas; ou os encantadores massarocos, cujo nome (e o feitio) lembra as maçarocas de milho mas em magníficos roxos e azuis.
Ilda acredita que “a cor das flores dá o seu charme” e por isso vai lembrando que o branco significa paz, o amarelo amizade, o verde esperança, e se tivermos imaginação há muita coisa que podemos dizer com as flores.
Mercado dos Lavradores
Largo dos Lavradores, Funchal
Tel.: 291 214 080
Horário: de segunda a quinta, das 8h às 19h; sexta das 7h às 20h; sábado das 7h às 14h; fecha aos domingos.
Mais informações no Turismo da Madeira
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Madeira: Entre flores no Mercado dos Lavradores