É suja, desalinhada e intrépida. Não tem os monumentos nem a arquitectura pitoresca de outras paragens italianas (e à maioria dos que tem falta-lhes aquele brilho lustroso e as linhas magnânimas de postal). Quando lá estivemos, os principais edifícios estavam quase todos de fachada tapada, em restauração; havia obras por todo o lado, alterações ao trânsito caótico.
Entre as grandes cidades de Itália, é a ovelha negra: a feia, a decadente, a dominada pelo desemprego e pela mafiosa Camorra. Mas é também cidade de uma história de milénios, de igrejas e museus, de vistas soberbas sobre o Vesúvio e a baía. “O napolitano seria certamente um outro tipo de homem se não se sentisse encurralado entre Deus e Satanás”, antecipava Goethe em Viagem a Itália, quando se enamorou pela cidade áurea dos finais do século XVIII.
Se Roma é para turista ver, Nápoles, antevemos ao primeiro minuto, é para turista sentir. E aqui sente-se com todos os sentidos alerta, numa disputa titânica e incessante por atenção. O barulho do trânsito infernal e o ruído de uma população que só fala a gritar. O cheiro a mar, a comida e a lixo. O olhar que se perde em toda as direcções na vã esperança de abarcar tudo. A mão que se agarra instintivamente à mala, a uma cerveja, a um pedaço de pizza. E por aqui morre também o paladar, adormecido no prazer da pasta e das doses industriais de mozzarella.
É uma cidade com a alma na boca, no corpo, nas ruas. Sem contenções, sem esconder rugas nem cicatrizes, sem escrúpulos ou grandes cortesias. É a sedução libertadora do mau caminho.
Vida de bairro
Vagueamos pelo apertado quadriculado do Quartieri Spagnoli, onde um céu de bandeiras transforma as ruas, já estreitas e sombrias, em autênticos corredores de penumbra. São fileiras e fileiras de panos coloridos dançando ao vento. Aqui uma grande, verde, branco, vermelho, estendida quase de um lado ao outro da rua. Ali muitas, de médio tamanho, pequenas, umas na vertical, outras na horizontal, delicadas dançarinas de orgulho italiano, que quase nos roçam os cabelos e nos vão guiando de olhos no ar pelo labirinto de vielas e becos.
Mais perto da movimentada e turística Via Toledo, uma das avenidas principais do centro de Nápoles, o tecto de bandeiras internacionaliza-se e chega a quase todas as geografias do globo; porventura um chamariz turístico para aquele que é talvez o bairro típico mais acessível a quem visita a cidade.
O quarteirão, que vai subindo a colina em direcção ao Castel Sant'Elmo, terá sido construído no século XVI, quando Espanha tomou Nápoles aos franceses que, por sua vez, se tinham apoderado da cidade no rescaldo das Guerras de Itália. Falar de Nápoles é falar de uma das mais antigas cidades da Europa, com 2800 anos de história e uma sucessão contínua de domínios, guerras e independências (sem falar de pestes, terramotos, erupções do vizinho Vesúvio e da destruição deixada pela Segunda Guerra Mundial).
Foi grega, romana, germânica, normanda, aragonesa, francesa, espanhola, austríaca e finalmente italiana. Uma ecléctica herança (e uma história de sobrevivência indissociável da personalidade napolitana, acreditamos) que se inscreve em vestígios e monumentos um pouco por toda a zona histórica da cidade e que levou a UNESCO a classificá-la como Património Mundial em 1995.
Mas já lá vamos. Por agora continuamos no bairro erguido para amontoar as guarnições militares espanholas, ali estacionadas para reprimir quaisquer revoltas da população, e que desde cedo terão tornado o quarteirão num lugar infame, onde procuravam entreter-se numa perdição de prostituição, álcool e crime. Actualmente, é bairro pobre, de ruas sujas e poças de água, prédios velhos, descarnados, rabiscados a graffiti e restos de cartazes publicitários. Napoli colera, lê-se em spray negro numa das paredes.
O quotidiano tradicional está, no entanto, todo ali, num cliché concentrado da vida napolitana que nos mostraram tantos filmes. Numa esquina, uma mercearia transborda rua fora em caixas e caixas de legumes, frutas e ramos de malaguetas. Cá fora, um homem de boina, lá dentro, um velho robusto de chapéu arranja pacientemente verduras de um caixote para outro, restos caindo indiferentes no chão.
Na rua ao lado, um cesto desce em corda com a carteira da vizinha, que grita à varanda a lista de compras, tal como tínhamos visto em L'oro di Napoli, de 1954. No filme de Vittorio de Sica, é Don Rosario que deixa duas pizzas fritas no cesto de verga, enquanto a mulher, encarnada por uma sedutora e jovem Sophia Loren, continua a misturar a massa num balcão improvisado sobre o passeio (e tantos semelhantes, embora mais modernos, que veremos em cada esquina da cidade).
Pelas varandas, há roupa estendida à espera que o sol volte a brilhar a pique; velhas e crianças espreitam sorrateiramente por entre os cortinados. Sucedem-se botequins, trattorias (entre o restaurante e a taberna), lojas de roupa, de electrónica, de bugigangas, talhos, ourivesarias, cabeleireiros. Ali perto, os passeios transformaram-se em feira improvisada, de um lado caixas e alguidares de peixe e de marisco, do outro torres de sapatos e de roupa. O vaivém de carros e motas nunca pára, sempre na inquietação e apito fácil de quem não tem tempo para esperar que lhe saiam do caminho (aqui, como em toda a cidade, e deixaremos Nápoles com o corpo em sobressalto ao mínimo sinal de veículo motorizado).
De repente, ouvimos uma banda tocar, num ritmo alegre de filarmónica. Duas ruas abaixo descobrimos uma pequena procissão: a imagem de Madonna della Mercede (Santa Maria da Misericórdia) levada em ombros, os músicos de hábito branco, alguns fiéis atrás, vários turistas de máquina em punho. Reencontramo-la já noite cerrada, a descer iluminada a Via Toledo, com o cortejo religioso agora muito mais composto de gente, os miúdos da catequese vestidos a rigor. Já dizia Goethe que “aqui só é preciso andar pelas ruas de olhos abertos, e vêem-se cenas inimitáveis”.
No coração do centro histórico
A estátua alva de Dante acena-nos do alto do seu pedestal de poeta enquanto atravessamos a homónima praça em direcção ao bairro que o nosso mapa assinala como centro histórico, coração de um muito maior, alargado aos principais quarteirões da antiga cidade, que a UNESCO classificou como Património Mundial.
Um “local único”, cujo “tecido urbano actual preserva uma selecção de elementos excepcionais da sua longa e agitada história, como o seu padrão de arruamentos, a sua riqueza em edifícios e parques históricos, a continuação de muitas das suas funções urbanas e sociais, a sua localização maravilhosa na Baía de Nápoles e a continuidade da sua histórica estratificação”, lê-se entre os argumentos da organização internacional.
Passamos por baixo da ornamentada Port'Alba, uma das antigas entradas na cidade muralhada do século XVIII, e caminhamos pela rua-túnel que lhe recebe o nome até à Piazza Bellini, por entre as bancas de algumas das livrarias mais antigas da cidade. A partir daqui, as ruas voltam mais uma vez a estreitar-se, apinhadas de turistas, restaurantes e souvenirs. Ainda não chegámos à Via dei Tribunali – a mais movimentada e que atravessa o bairro até à rua da catedral da cidade – quando entramos na loja de Francesco Viscione, atraídos pelos bonecos de presépio e pela música clássica que se ouve desde a rua.
Napolitano de gema, convida-nos logo a entrar, mostra os cantos às vitrinas repletas de figuras e presépios, à oficina caótica no fundo da loja onde dá as pinceladas finais nuns cabelos louros. O presépio tem longa tradição secular em Nápoles e ali perto, na Via San Gregorio Armeno, sucedem-se lojas e lojas de artesanato com presépios inteiros e figuras de mil tamanhos (alguns à escala real e, neste caso, trocam-se as personagens da Natividade por jogadores de futebol, políticos ou o Papa).
Sobre a ombreira da porta, Francesco mostra-nos, orgulhoso, as fotografias emolduradas que retratam o encontro com Luciano Pavarotti, folheiam a meias um livro de partituras. “Mio amico”, repete no rápido dialecto local que custamos a perceber. Durante 40 anos, Francesco trabalhou no Conservatorio di San Pietro a Majella, logo ali ao lado, e há 16 anos que tem a loja de presépios. No entanto, nunca mais largou a “musica antica”, que põe teimosamente a tocar todos os dias no pequeno estabelecimento.
Ali próximo, entre as ruas do centro histórico, concentram-se algumas das igrejas mais interessantes (e turísticas) da cidade. Logo ao início da Via dei Tribunali, a igreja de Santa Maria delle Anime del Purgatorio ad Arco esconde na cave um sinistro culto aos mortos, com caveiras e esqueletos rodeados de oferendas. Um pouco mais à frente, encontramos a fachada em restauro da San Lorenzo Maggiore; numa rua abaixo, o Museo Cappella Sansevero (destaca-se a estátua em mármore de Cristo velado), a frontaria de pedra negra e pontiaguda da Guèsu Nuovo (que nos faz lembrar a Casa dos Bicos, em Lisboa) ou a igreja de Santa Chiara, com o seu claustro ajardinado (símbolo da reconstrução da cidade no pós Segunda Guerra Mundial).
Três ruas a seguir à Via Duomo (onde fica a catedral principal da cidade, que dá nome à rua e merece uma visita), uma imagem menos religiosa, mas digna de postal cliché: cordas e cordas de roupa a secar atravessam em ziguezague a estrada da Via delle Zite. Num dos cordões mais baixos, um lençol branco quase roça o tejadilho dos carros.
Fazemos uma pausa ao andarilho com uma pizza na Di Matteo – uma das melhores pizzarias da cidade, garantem-nos (ali comeu Bill Clinton, em 1994, um ano depois de chegar à presidência dos Estados Unidos, atesta uma enorme fotografia na parede do fundo). Na vitrina sobre o passeio, há margueritas já prontas e toda a espécie de fritos (de crocchè – croquetes de batata – a frittatina – recheio de macarrão, queijo e um género de molho bolonhesa, entre outros).
Ao lado, três homens tratam das pizzas num frenesim coordenado: o mais novo, t-shirt da selecção italiana, coloca-as no forno redondo; o do meio estende a massa para as bases; o mais velho, barrigudo, fio de ouro e pulseira de prata, mergulha pedaços de pizza fritta inchada em óleo enquanto chupa um cigarro entremeio dos lábios.
À noite, as filas sucedem-se à porta dos restaurantes mais populares (a Di Matteo e a sua pequena sala no primeiro andar não são excepção). Digestão feita, as principais vielas do centro histórico transformam-se numa espécie de Bairro Alto alfacinha. Tudo acontece na rua. São poucos os bares que encontramos, a maioria botequins de frigoríficos self-service com garrafas e latas de cerveja e um balcão com salgados gordurosos para forrar o estômago na madrugada bebida.
O centro nevrálgico da animação acontece na Piazza Bellini. O largo recebe o nome (e estátua) de um compositor italiano que fez escola no vizinho conservatório, ali perto ficam a Academia de Belas Artes e a biblioteca da Faculdade de Letras e Filosofia, mas à noite toda a erudição é parda.
A música que se ouve na praça apinhada de jovens – muitos locais e turistas – divide-se entre djambés e percussões várias, às vezes uma guitarra, e a electrónica má que chega dos botequins em volta. Não há mão sem garrafa de cerveja e cigarro de tabaco ou de haxixe. É o contraste absoluto com o bairro chique de Chiaia, junto ao passeio marítimo, repleto de gente bem vestida que vagueia pelos bares modernos e boutiques caras.
De Nápoles, não se vê o chão
- Buongiorno. Castel Sant'Elmo?
- Sì, qui è la funicolare.
- No. Queremos ir a pé.
- A piedi?
A subida íngreme de infinitas escadarias e rampas, uns bons 40 minutos entre sombra, um sol impiedoso e pequenas pausas, justificaria aqueles olhares, misto de espanto e reprovação por tal insensatez. O esforço vai sendo, no entanto, recompensado em vistas sobre parte da cidade, até desafogar em larga e esplendorosa panorâmica no miradouro junto ao Castel Sant'Elmo, altiva fortaleza do século XIV em formato de estrela, e vizinho Museo di San Martino, um antigo mosteiro.
Daqui, o olhar alcança quase toda a cidade encaixada no vale, as montanhas desvanecidas a contornar o horizonte, o porte negro do Vesúvio com a sua boca colossal a furar os céus. É a primeira vez que o vemos, sempre escondido entre prédios cerrados e ruas estreitas. Conta Erri de Luca em Nàpoli que, apesar de pouco o verem, todos os napolitanos sabem onde fica: “O vulcão está plantado como um farol no nosso sistema nervoso”.
É na miragem da montanha, e já à distância das fotografias que ali tirámos, que voltamos a olhar a paisagem. Assalta-nos a ideia de uma revelação: dali vemos a fachada altiva e o telhado verde da igreja de Santa Chiara, sobressaem no retalho de telhados duas ou três cúpulas de outras igrejas, vemos vulcão e até vislumbramos o mar. Só não encontramos chão. Custamos mesmo a descortinar nos vazios deixados entre os prédios as ruelas e avenidas que tanto nos fartámos de percorrer. E logo nos lembramos de novo livro A Amiga Genial, o primeiro da tetralogia que Elena Ferrante pôs recentemente nos tops internacionais.
Aos 10 anos, Lila e Lenú, as personagens principais que terão vivido a infância num bairro pobre da periferia de Nápoles, nunca tinham visto o Mediterrâneo. “Lila disse que na direcção do Vesúvio ficava o mar. Rino, que já lá tinha estado, contou-lhe que a água era azul e cintilante, uma visão maravilhosa.” A verdade é que não precisamos de chegar à periferia para nos sentirmos submersos pela malha apertada da cidade. E o mar, ali a dois passos, fica tão longe da vista quanto da memória.
Entretanto, viramos costas ao tapete urbano, contornamos o castelo e voltamos a recusar a boleia de outro funicular. Descemos antes, errantes, por entre casas encavalitadas na encosta e ermos becos sem saída, embrenhando-nos em bairro alheio e andrajoso, que um colorido e inusitado altar, os entendais de roupa e o sol iluminador tornam cândido e inofensivo. Um cão corre para nós de peluche na boca e estamos prestes a dar-nos por definitivamente perdidos quando encontramos uma mulher num pátio interior. Não fala inglês, mas sinistra, destra e scendere já se tornaram parte do nosso reduzido vocabulário de turista e guiam-nos até ao caminho certo: novo rol infinito de escadas por ali abaixo, o mar azul a emoldurar-se à nossa frente.
Vamos descendo até à nobre baixa, feita de mais castelos e portentosos edifícios. Na Piazza del Plebiscito, a igreja de San Francesco di Paola surge monumental em semicírculo, quase ofuscando o Palácio Real, em frente e de fachada entaipada. Atrás, fica o Teatro di San Carlo, a mais antiga ópera em funcionamento em Itália, também em obras; e ali perto, já o Mediterrâneo como pano de fundo, sobressaem os torreões enegrecidos e a ornamentada porta do Castel Nouvo, construído durante o reinado de Carlos I, primeiro rei de Nápoles, no século XIII. Temos sede de mar e as pernas conduzem-nos instintivamente para lá, desenhamos o contorno em concha da baía de Nápoles. Pequenos barcos de madeira aninham-se junto à costa, um casal pesca sobre o molhe.
Em breve alcançamos o terceiro e mais antigo castelo da cidade, o Castel dell'Ovo, assim apelidado numa lenda antiga: Virgílio, o famoso poeta latino, ali teria escondido um ovo mágico que manteria a fortaleza em pé. Quando chegamos já está encerrado e, por isso, deixamo-nos ficar sentados sobre a língua murada que liga o passeio marítimo ao minúsculo ilhéu de Megarides, onde assenta o castelo de pedra erguido pelos normandos; o céu pintando-se de um soberbo pôr do sol.
“Bem podemos dizer, contar, pintar o que quisermos: o que se vê aqui é mais que tudo isso”, dizia Goethe de Nápoles, quem sabe inspirado por igual crepúsculo. De um lado, o Vesúvio desvanece-se de rosas e lilases, emoldurado entre um cenário de nuvens fofas e os mastros dos veleiros no porto. Do outro, o sol cai lentamente atrás dos bairros luxuosos de Posillipo, as casas sobre a encosta a passar dos pastéis aos dourados aos negros, três miúdos à cana sobre o molhe. Todos miramos o mesmo inebriante caleidoscópio como se de um acto solene se tratasse. Goethe, uma vez mais: “Vedi Napoli e poi muori!, dizem aqui. “Vê Nápoles e morre!”
Deixamo-nos ficar nesta “espécie de abandono extático” em que, para o escritor alemão, “toda a gente vive” neste “paraíso”. Largos minutos absortos em nada. O nada, finalmente. Os sentidos, toldados pela vivência explosiva da cidade, encontram, por fim, espaço para se diluírem no infinito espelho do Mediterrâneo, e devolvem-nos um desejado sossego à alma. Nápoles não será certamente amante para todos os corações, mas um pouco do nosso ficou definitivamente lá.
A Fugas viajou a convite da Royal Caribbean Portugal e da TAP
Guia prático
Como ir
Não existem voos directos de cidades portuguesas para Nápoles, pelo que a grande maioria das ligações aéreas implica escala em Roma. Outra opção é voar para a capital italiana e aqui apanhar um comboio para Nápoles (os preços variam muito conforme o tipo de ligação, o horário e a antecedência com que é feita a reserva, que pode ser efectuada em www.trenitalia.com). A viagem em comboio de alta velocidade demora cerca de uma hora.
Onde comer
Nápoles é sinónimo de pizza. Disputa com Roma a origem da iguaria e terá, pelo menos, sido aqui que nasceu a simples e universal marguerita, em 1889, em honra à rainha espanhola Margherita di Savoia que visitava a cidade e utilizando ingredientes com as cores da bandeira italiana: queijo mozarela, manjericão e tomate. Não será, por isso, total exagero dizer que em todo o lado se encontra uma pizzaria, muitas delas sendo um simples balcão sobre o passeio onde se vende pizza fritta, um género de calzone mergulhado em óleo a ferver. É a comida de rua napolitana por excelência e em todo o lado se vêem filas de gente trincando o frito embrulhado em folhas de papel.
Além desta versão fast food, existem muitos restaurantes especializados em pizza. Deixamos três sugestões, entre os que gozam actualmente de maior popularidade e renome e onde é geralmente necessário fazer reserva ou chegar com grande antecedência: Pizzeria Di Matteo (Via dei Tribunali 94; www.pizzeriadimatteo.com); Pizzeria Gino Sorbillo (Via dei Tribunali 32); L'Antica Pizzeria Da Michele (abriu em 1970, sendo uma das mais antigas e de maior reputação; ficou famosa ao surgir no filme Comer, Orar, Amar; Via Sersale 1; damichele.net).
O café é outra identidade em qualquer cidade italiana e aqui não é excepção. Para quem não passa sem um expresso, há que visitar o Gran Caffè Gambrinus (mais pelo seu legado histórico, cultural e luxo arquitectónico, local por onde terão passado vários artistas como Oscar Wilde, Ernest Hemingway ou Jean Paul Sartre; Piazza Trieste e Trento, 2; grancaffegambrinus.com) e o café Mexico (tido como o melhor da cidade, com empregados vestidos a rigor numa coreografia concentrada, onde é habitual deixar gorjeta sobre a senha; Piazza Dante Alighieri, 86). Na maioria dos estabelecimentos, a chávena é açucarada antes de o café ser colocado.
O que fazer
Em Nápoles: não faltam museus, monumentos e muitas, muitas igrejas a merecer uma visita, entre um merecido passeio pelas ruelas do centro histórico e pela marginal ao longo da baía de Nápoles. Além dos locais referidos ao longo do texto, o Museo Archeologico Nazionale di Napoli é de visita obrigatória, sendo um dos mais importantes do género a nível mundial (é lá que se encontram os principais achados de Pompeia e Herculano, além de uma das maiores colecções de artefactos greco-romanos e o curioso Gabinetto Segreto, com arte erótica antiga); e no Museo Nazionale di Capodimonte estão expostos quadros de alguns dos mais conceituados artistas italianos, de Raphael a Michelangelo ou Botticelli. Junto à Via dei Tribunali, a Napoli Sotteranea conduz-nos num passeio de cerca de uma hora por túneis e vestígios greco-romanos, 40 metros abaixo do nível da rua.
Nos arredores: ilhas Capri (a mais turística), Ischia (a maior) e Procida (a mais pequena e muitas vezes esquecida); Herculano, Pompeia e subida ao Monte Vesúvio; e toda a costa amalfitana (vilas de destaque: Amalfi, Positano, Sorrento, Ravello e Salerno). Para chegar às ilhas, há que apanhar um ferry no terminal de Mergellina. Caso não alugue um carro, a forma mais fácil de visitar os restantes destinos é apanhar o comboio da linha Circumvesuviana (o cais de embarque é próximo da estação central em Garibaldi) e sair na estação correspondente (Ercolano, Pompei - Villa dei Misteri e Sorrento, respectivamente). No caso da costa amalfitana, a partir de Sorrento é possível embarcar num dos autocarros hop-on hop-off e entrar e sair nas vilas desejadas. Há que ter em atenção os tempo de espera pelos autocarros e as filas de turistas; além de que os veículos costumam ir apinhados (incluindo gente em pé no corredor) e o caminho, demorado, faz-se por estradas estreitas e serpenteantes sobre a encosta, com vários trechos de um só sentido e muito trânsito.