Há uma nota prévia que se impõe neste “diário de bordo”: se é uma dessas pessoas que ainda não se aventurou num navio de cruzeiro por achar que a viagem pode ser algo entediante, importa ter consciência que este artigo pode contrariar a tese que tem vindo a defender. Em quatro dias de navegação, de Lisboa até Bilbau, a bordo do Monarch, se houve algo que a Fugas não experienciou foi a sensação de tédio. A navegar ou atracado ao cais, este que é o maior navio da Pullmantur tem sempre algo a acontecer no seu interior. As propostas são muitas e o mais provável é que sinta que o dia é curto demais para usufruir de tudo. Especialmente se tiver a sorte de apanhar tempo e mar de feição, como foi o nosso caso – não obstante a rota da viagem se estender por uma zona do Atlântico propícia a uma ondulação mais forte. Pronto para soltar amarras?
A nossa viagem começou num dia que merecia uma celebração especial. Era véspera do Dia de Portugal, os preparativos das comemorações já se faziam sentir na cidade de Lisboa, mas no interior do Monarch a festa era motivada por um outro feito: o navio acabava de chegar à Europa – finalizando a temporada no Caribe - e, pela primeira vez na história da operadora espanhola, escolhia Lisboa para dar início às suas viagens pelo norte do velho continente. E com uma certeza: voltará à capital portuguesa em Setembro, antes de voltar a rumar a sul, mais concretamente ao Panamá.
Feito o brinde à efeméride, era altura de zarpar do Tejo e começar a sentir o pulso ao navio - de 12 cobertas e capacidade para 2.766 passageiros - que foi alvo de uma profunda remodelação, em 2013. Segundo a empresa, a intervenção estendeu-se a praticamente todas as áreas do navio, sendo que um dos up grades mais visíveis assentou na criação de uma área mais exclusiva e destinada a clientes mais exigentes, o The Waves Yatch Club. Um clube de “primeira classe”, destinado aos passageiros instalados nas suites ou aos que queiram pagar um valor extra (na ordem dos 30 euros por dia), que garante um tratamento especial: mini buffet que inclui pequeno-almoço, almoço, jantar, snacks e bebidas durante todo o dia; internet grátis; e embarque e desembarque prioritário. Com uma decoração requintada no interior, o The Waves Yatch Club dispõe ainda de um espaço exterior distinto, com camas balinesas que convidam a prolongados banhos de sol.
Já com Lisboa para trás e cumprido o exercício de abandono do navio da “praxe” – crucial para que cada passageiro saiba para onde tem de se dirigir numa situação mais grave -, era altura da primeira refeição a bordo. E também no que à gastronomia diz respeito, as expectativas foram elevadas – sem serem defraudadas - bem alto: as ementas deste e dos outros três navios Pullmantur contam com o toque pessoal de Paco Roncero, chefe de cozinha espanhol internacionalmente reconhecido com duas estrelas Michelin. Depois do primeiro jantar em mar alto – ninguém diria que estamos a navegar -, as tentações da noite passam pelo espectáculo musical Abba, Thank you for the music ou por uma ida ao casino. A escolha recaiu na primeira opção.
Em Vigo e Santiago
No segundo dia da viagem, e tal como previsto, o Monarch chegou a Vigo, para cumprir uma estadia de oito horas neste porto galego. A nossa agenda contemplou uma excursão até Santiago de Compostela – as excursões são opcionais e pagas à parte -, com um cronograma que parecia, à primeira vista, difícil de concretizar. Pouco mais de meia dúzia de horas teriam de dar para percorrer cerca de 70 quilómetros - para cada lado -, de autocarro, almoçar no centro da cidade e ainda visitar a catedral. Parecia impossível, mas não foi. Deu tempo para tudo, inclusive para abraçar a imagem do apóstolo e percorrer – a passo apressado, é verdade – o casco antigo da cidade, lado a lado com os peregrinos que ali chegavam, a pé ou de bicicleta.
Cumprido o regresso ao navio a tempo e horas – mas, resvés Campo de Ourique – urgia recuperar o fôlego e dar início a uma jornada de praticamente 36 horas de navegação. Que, diga-se, passaram a voar. Entre a ida ao ginásio logo pela manhã – a correr na passadeira, com vista constante para o mar -, a aventura na parede de escalada, os banhos na quase sempre apinhada piscina, a visita ao casino ou às lojas duty free, apenas ficou a sobrar tempo para uma aula de dança na discoteca do navio e um concurso de cocktails (mais concretamente mojitos). E, claro está, novo espectáculo nocturno, no Salão Brodway.
Ficou por experimentar o Spa del Mar, que está instalado na coberta 9, mesmo ao lado do ginásio, e que dispõe de um vasto leque de massagens e tratamentos, alguns dos quais realizados em cabines com vista para o mar.
Atractivos para crianças
Para quem viaja com crianças ou adolescentes, importa destacar que a bordo do Monarch também existem espaços e actividades vocacionados exclusivamente para os mais novos. É o caso do Guppy Club, destinado a crianças com idades entre os 3 e os 11 anos, e que consiste num espaço de jogos e diversão, marcados por aventuras de piratas, folias de carnaval, sessões de cinema e animação musical. Já para os adolescentes, rapazes e raparigas com idades entre os 12 e os 17 anos, a proposta passa pelo Teen´s Club.
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