Seguir um rio é sempre um bom pretexto para uma viagem de estrada. E quando se trata de seguir o rio Tejo, o maior rio ibérico, a viagem é garantidamente histórica e repleta de motivos de interesse. É uma jornada que se pode fazer em dois dias, mas, como todas as outras, pode e deve demorar mais tempo, se for parando e se aventurar nalguns desvios.
Desde Lisboa, onde o rio se torna mar, inicie a viagem pela margem sul até à região do médio Tejo, visitando as aldeias avieiras de que falava Alves Redol, que se espraiam nas duas margens. Subir a Santarém para admirar o imenso vale ou os seus monumentos góticos é imprescindível paragem.
A partir de Constância, onde o Zêzere e o Tejo se encontram, pode ir ziguezagueando entre a margem norte e sul e visitar terras como Abrantes, Belver, Alvega ou Vila Velha de Ródão, com a sua extraordinária garganta, as Portas de Ródão, guardada pela Torre do Castelo do mítico Rei Wamba. Um bom punhado de quilómetros mais à frente entra no território do Parque Natural do Tejo Internacional e a viagem torna-se ainda mais interessante.
É uma região remota e desabitada onde o rio apenas se pressente na paisagem e na vida pacata de aldeias como Perais, Malpica do Tejo ou Rosmaninhal. Depois, ou diz adiós ao Tejo, ou continua a segui-lo por Espanha, onde corre mais 700 quilómetros até à sua nascente, na serra de Albarracín.
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Rui Pelejão é um dos co-autores do blogue Grande Turismo e do livro Volta a Portugal em 80 dias, obra que o levou a percorrer estradas nacionais e secundárias de Portugal durante 80 dias (uma viagem também resumida semanalmente na Fugas)