Fugas - Viagens

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    Casa da Cultura CMS/SMCI
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    Casa da Baía CMS/SMCI
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    Casa da Avenida, exposição “This is not a chair” DR
  • Moscatel de Setúbal Experience
    Moscatel de Setúbal Experience DR

Setúbal: Três casas, dois largos e um quiosque

Por Rita Pimenta

Lugares a visitar e frequentar numa cidade que não perdeu a escala humana.

Leia mais sobre Setúbal: Muito mais do que choco frito

Casa da Baía, Casa da Cultura e Casa da Avenida: as três casas que mudaram o panorama cultural de Setúbal. Largo da Fonte Nova e Largo da Ribeira Velha: os dois largos que animam a vida urbana. Moscatel de Setúbal Experience: o quiosque que soube apostar no vinho generoso da região. Lugares a visitar e frequentar numa cidade que não perdeu a escala humana.

Casa da Baía
Tradição e inovação

Uma possível porta de entrada em Setúbal. Quem chega pode informar-se aqui sobre alojamento, passeios no rio Sado (para observação de golfinhos ou de aves), património e programação cultural. Participar em workshops de gastronomia ou assistir a concertos são outras possibilidades.

Neste sábado à noite, a Ala dos Namorados vai actuar no pátio da que já foi uma casa de acolhimento de mulheres desfavorecidas e também um palácio. José Fernando Gonçalves, responsável pelo turismo de Setúbal, descreve a Casa da Baía como “a sala de visitas da cidade”, já que é “o posto de turismo principal”, entre os cinco de que a câmara dispõe (na Praça do Bocage; junto aos catamarãs que fazem a ligação a Tróia; no moinho de maré da Mourisca e em Azeitão). Chama-lhe ainda “a montra do que Setúbal tem de melhor”.

Um restaurante, um auditório, salas de reuniões, de exposições e o pátio onde decorrem os concertos das Noites da Baía são algumas das valências da “casa azul”. Aqui também se podem provar e comprar os vinhos dos 42 produtores da península de Setúbal. “Temos uma loja gourmet com produtos regionais que as pessoas pensam que já não existem: desde a casca de laranja, ao barquinho, ao doce de laranja. E, claro, o queijo de Azeitão, o mel da Arrábida, os moscatéis. Está tudo aqui”, enumera aquele responsável da câmara.

Informa ainda que Setúbal quer conquistar público entre os espanhóis e franceses, “para que não se limitem a Lisboa, Porto e Algarve”. Para isso, marca presença em várias feiras internacionais de promoção turística.

José Fernando Gonçalves está satisfeito porque se apercebe (e contabiliza) de que os turistas regressam à Casa da Baía várias vezes durante a sua estadia na cidade: “E antes de se irem embora, ainda vêm comprar umas garrafinhas de vinho para levar”, conclui bem-disposto.

Casa da Baía
Av. Luísa Todi, 468
Tel.: 265545010 | 915174442
Email: gatur@mun-setubal.pt
www.mun-setubal.pt/pt/pagina/casa-da-baia/170
Horário: de segunda a quarta-feira das 09h às 22h, quinta a sábado das 09h às 00h e domingo das 09h às 22h

 

Casa da Cultura
O espelho cultural da cidade

Exposições, lançamentos de livros, espectáculos, tertúlias, ateliers de artes plásticas para todas as idades e visitas ao Centro de Documentação e Divulgação da Música Popular e de Intervenção são algumas das ofertas de um espaço simbólico e a transbordar de histórias e personagens que fizeram de Setúbal uma cidade resistente e interveniente. Na recuperação do edifício, que fica perto da Praça do Bocage, e que durante muitos anos acolheu o Círculo Cultural de Setúbal, até material bélico foi encontrado.

“A Casa da Cultura é um reflexo da diversidade cultural e associativa da cidade”, diz Pedro Pina, vereador da Educação, Cultura, Desporto e Inserção Social, que acredita que a maior parte dos cidadãos sentir-se-á representada neste lugar, onde há também um bar/café, espaços para reuniões e salas e estúdios de gravação e ensaio. E convida os visitantes a conhecê-la: “Isto é Setúbal. Podem, por exemplo, ter a fortuna de ver uma das fantásticas exposições que temos tido aqui.” O vereador destaca a inauguração da Festa da Ilustração, que se faz à meia-noite no início do mês de Junho (na I edição com André Carrilho e na II edição com Nuno Saraiva), “um evento diferenciador que traz gente à cidade, envolve milhares de alunos das escolas do concelho e leva à criação de novos públicos”.

E continua a dar argumentos para que visitem a casa, como poder assistir a um concerto no Pátio Dimas, homenagem a um homem, músico, que esteve muito ligado ao Círculo Cultural. Mais: “Vale a pena vir porque está no centro histórico da cidade, porque é um equipamento premiado em termos de arquitectura, porque é um espaço que traduz o passado, o presente e o futuro daquilo que é a cultura da cidade.” E ainda: “Para quem não tem a obra completa, haverá a oportunidade de obter mais um CD do Zeca Afonso. Que vale sempre a pena.”

O Festival Internacional de Música de Setúbal (Maio), o Festival de Teatro (Agosto) e muitas actividades ligadas à música e ao desporto (Setúbal é Cidade Europeia do Desporto 2016) têm apoio e eco neste “ponto de encontro”.

Durante este ano já visitaram a casa 46.813 pessoas e foram registados 8371 espectadores nas várias actividades realizadas, mostrando até esta data um aumento da dinâmica relativamente ao total do ano passado (63.180 visitantes e 8294 espectadores).

Além da programação, foi objectivo da edilidade que houvesse “a presença efectiva do movimento associativo de Setúbal”, daí este espaço acolher “instituições que representam as diferentes linguagens da cidade”: Capricho Setubalense (escola de música), Centro de Documentação de Música Popular (Associação José Afonso), Associação de Artistas Plásticos de Setúbal (Artiset), um Centro de Documentação, com a presença do Centro de Estudos Bocageanos, e que coabitam com o Gabinete da Juventude.

A inauguração aconteceu, também simbolicamente, a 5 de Outubro de 2012. Para o início de 2017, o vereador anuncia novidades: “Vão ainda dar mais substrato à Casa da Cultura.”

Casa da Cultura
Rua Detrás da Guarda, 26 a 34
Tel.: 265236168 | 915721909
Email: casacultura@mun-setubal.pt
www.casadacultura-setubal.pt
Horário: de terça a quinta-feira das 10h às 24h, sexta-feira e sábado das 10h à 01h e domingo das 10h às 20h

 

Casa da Avenida
Muito mais que uma galeria

“É uma casa para todos, como já alguém disse”, responde Maria João Frade quando lhe perguntamos o que é a Casa da Avenida. E prossegue: “É uma casa privadíssima onde se deseja fazer muita coisa ligada à cultura, às artes em geral, aberta à comunidade, tentando dar oportunidades a menos conhecidos e a mais jovens para mostrarem o que andam a fazer, alternando com gente mais reconhecida, com mérito já consagrado, para usar o espaço a seu gosto.”

É o rés-do-chão e o 2.º andar e de um prédio de habitação (séc. XIX) do casal Maria João e João Frade, ex-professores, que vivem no 1.º andar.

A Casa da Avenida enquanto galeria começou em Junho de 2011, “uma primeira experiência, para amigos, porta fechada, para ver o que é que isto dava”. Em Novembro, abriu para todos, com uma tónica importante no “serviço educativo”. Conduta: “Ter uma forte aposta na relação com quem nos visita. Fazer do espaço um espaço de prazer. Muito mais que uma galeria: uma casa.”

Já passaram por aqui milhares de pessoas, em mais de 40 exposições, vários concertos, lançamentos de livros, conversas, teatro, parcerias com o Museu de Etnografia, com a Festa da Ilustração, com o Festival de Música e com o Politécnico de Lisboa, cujos alunos aqui expõem os trabalhos de final de curso. Também promove residências artísticas e organiza ateliers. “Um prazer, um prazer, um prazer…”, resume Maria João Frade, que convida a que se visite até ao final de Setembro, no rés-do-chão, a exposição This is not a chair, de Maria do Carmo Pais, “com Munari, Magritte e Duchamp no pensamento e que, no fundo, é um desinventar objectos, como disse Manuel de Barros”. A partir de dia 24, no segundo andar, expõem-se trabalhos de António Folgado e de António Castilho, “da velha guarda do desenho e da fotografia”. Entrem e sintam-se em casa.

Casa da Avenida
Avenida Luísa Todi, 286
Tel. 917038187
www.facebook.com/casadavenida
Horário: de quarta a sexta das 16h às 20h e sábado das 11h às 20h

 

Largo da Fonte Nova
O passado actualizou-se

Sempre foi lugar de oferta do tradicional peixe assado ou não estivesse instalado num bairro maioritariamente habitado por pescadores. “Dantes, tínhamos uns fogareiros pequenos na rua, o pescador chegava, vendia-nos o peixe e assávamos logo ali”, conta o senhor Horácio, que explora a Casa Morena há 34 anos.

Agora, no centro do largo, há um espaço colectivo com os fogareiros, que são partilhados pelos três restaurantes no Largo da Fonte Nova: o Nau (ou “Cilinha”), o Kefish e o “Horácio”. O Kefish é o mais recente, pertence a dois franceses (Michel e Stefan) e, além do tradicional peixe assado, serve pizzas, cozinhadas em forno a lenha. Às quintas-feiras, nas noites de Verão, há boa música ao vivo.

A esplanada da Casa da Rosa, outro restaurante numa travessa contígua ao largo, completa a oferta de peixe assado num espaço muito procurado, sobretudo ao almoço. É preciso chegar cedo para arranjar mesa.

 

Largo da Ribeira Velha
O regresso à vida na Baixa

Mesmo na Baixa da cidade e com um magnífico e antigo plátano ao centro, o Largo da Ribeira Velha imprimiu recentemente um novo dinamismo à vida da cidade. Com a abertura de novos espaços de gastronomia, um largo que “adormecia” assim que o comércio fechava (19h) vive agora noites animadas e concorridas. Para isso, contribuem os restaurantes Loja das Machadas, a Taberna do Largo, o Café da Ribeira e o Beco da Ribeira (com ofertas diversificadas de petiscos e bebidas), mas também as animações de rua promovidas pela associação de comerciantes e pela câmara. Uma energia que tende a alargar-se a outros espaços na Baixa.

 

Moscatel de Setúbal Experience
Moscatel com todos

“Pastel de bacalhau com redução de moscatel, caipirinha de moscatel (moscatinha), sangrias que levam moscatel, saladas com vinagretes de moscatel e gelado de moscatel”, enumera o chef Vasco Alves, que abriu recentemente o Moscatel de Setúbal Experience, mesmo no centro da cidade. “Achei que devia haver um espaço em Setúbal que dignificasse um vinho que é um produto que potencia a cidade e a região. Foi o primeiro projecto que imaginei quando aqui cheguei.” Vindo “emprestado” da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa para a de Setúbal, acabaria por decidir viver na cidade. Lembra que o moscatel de Setúbal “é o 3.º vinho mais importante de Portugal, a seguir ao vinho do Porto e da Madeira, e que nos últimos três, quatro anos, ganhou tudo o que é prémios”.

Além das refeições, em que o moscatel entra sempre, os clientes podem “experimentar o próprio moscatel das várias casas agrícolas da região aqui presentes”.

Vasco Alves prefere não chamar “quiosque” ao espaço. “O arquitecto [João Veríssimo] chamou-lhe box, uma caixa 3 por 3, preta e perfurada. O objectivo de ser perfurada é para não entrar em choque com a fachada e permitir ver-se os azulejos do edifício”, descreve.

Paula Milho, que o acompanha no projecto, diz que “o acolhimento dos turistas e dos setubalenses tem sido muito bom” e que os “pastéis de bacalhau e a bifana com molho moscatel são os pratos mais procurados”. Diz que este “é um espaço para Setúbal” e que pretende mostrá-lo “em feiras e outros encontros, para divulgar mais o moscatel e para incentivar as pessoas a criarem mais espaços destes”. Neste sábado, vão estar na 8.ª edição da Feira Observa Natura, na Herdade da Mourisca.

A par da box, o chef está a reabilitar um edifício no Largo da Ribeira Velha, ali perto, onde irá instalar um hostel e um restaurante: “Pus a cozinha na montra. Será um restaurante português, vai vender peixe e carne grelhados, trabalhar o carvão. É um hostel-boutique. A Baixa começa a aceitar este tipo de desafios. O nome é De Pedra e Sal (por analogia com estarmos cá de pedra e cal). Nos próximos 20 anos, Setúbal vai ter de me aturar com estes projectos”, diz divertido.

De Pedra e Sal pretende ser também um espaço de convívio, “vamos ensinar as pessoas a cozinhar, organizar workshops e team cookings”.

Vasco Alves sugere ainda que os visitantes vão jantar à Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, às quintas-feiras. “Por 15€, com tudo incluído, assistem a uma aula ao vivo feita pelos alunos e têm a experiência de visitar as cozinhas, perguntarem aos alunos como é que se fazem as coisas. Os clientes ficam fãs, têm um atendimento atencioso e fazem parte de três aulas: uma de bar, uma de cozinha e uma de mesa. É excepcional.”
Para o chef, “não basta estar na moda, temos de fazer por merecer estar na moda”. Aquilo que mais o apaixona em Setúbal, além da gastronomia, é a informalidade de receber as pessoas. “São carinhosas, têm muito orgulho na cidade e têm uma ingenuidade que faz daqui um turismo caseirinho… Quando cheguei aqui, fazia uma pergunta sobre um lugar e as pessoas levavam-me lá. Fosse a pé ou de carro. Iam comigo. Eu passei a fazer o mesmo”, diz, e conta como fez três viagens para levar sete russos a um sítio especial para eles almoçarem. “No fim, queriam dar-me 20 euros”, conta e ri-se. “Aprendi a ser assim aqui em Setúbal.”

Moscatel de Setúbal Experience
Praça do Bocage, 49
www.facebook.com/moscatelsetubalexperience/?fref=ts
Horário: todos os dias das 9h30 à 01h

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