Fugas - Viagens

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Há muito para descobrir ao longo dos passadiços do Uíma

Por Maria José Santana

O Parque das Ribeiras do Uíma, em Santa Maria da Feira, convida a uma caminhada com amigos ou família. Sempre de olhos bem abertos, para avistar a fauna e flora que tornam este corredor ecológico tão especial.

É verdade que o Verão já se foi, levando consigo as temperaturas propícias a idas à praia, mas os dias permanecem amenos, com os raios de sol a continuarem a dar o ar da sua graça, convidando a passeios e actividades ao ar livre. E se elas puderem ser feitas em paisagens naturais únicas, tanto melhor. Calce umas sapatilhas, vista roupa confortável e prepare uma garrafa de água pequena. Estes primeiros dias de Outono, ainda bem soalheiros, são perfeitos para partir à descoberta do Parque das Ribeiras do Uíma, em Santa Maria da Feira, e ficar a conhecer a sua biodiversidade.

A caminhar ou a correr, neste parque poderá usufruir de um percurso de quase três quilómetros – feito quase sempre em passadiços de madeira suspensos – que merece ser visto de olhos bem abertos. Porquê? Neste recanto natural coabitam águias, garças, guarda-rios, rãs ibéricas, borboletas de várias espécies, libelinhas, lagartos de água, lontras, pirilampos, salamandras de pintas amarelas, entre outras espécies. A flora também é riquíssima: salgueiros, amieiros, sabugueiros, lírios amarelos e orquídeas selvagens, são apenas alguns dos exemplos das espécies que irá encontrar ao longo do percurso – e que estão devidamente identificadas em painéis informativos.

O ponto de partida para a descoberta do parque está situado junto à ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Fiães, onde encontrará uma área para estacionar o carro, bem como um parque geriátrico e um campo de Boccia – destinados não só aos seniores, mas a toda a população. A partir daqui, e atendendo a que o percurso é interrompido por uma estrada nacional, terá de escolher qual o trilho por onde quer começar: Lobão ou Fiães. A Fugas optou por começar pelo primeiro, bem mais curto, com cerca de 500 metros de extensão, mas também ele rico em biodiversidade. Seguiu-se, depois, a descoberta do trilho situado na freguesia de Fiães, com perto de dois quilómetros de extensão.

A caminhada não exigiu grande esforço físico – o percurso é plano, sem grandes desníveis – e ficou provado que pode ser feita mesmo nas horas de maior calor, uma vez que a sombra e a presença da água são uma constante ao longo de todo o percurso, tanto do lado de Lobão, como em Fiães. Também terá a oportunidade de passar por algumas zonas de cultivo e ver os habitantes locais a tratarem das terras e plantações. E, acima de tudo, a ajudarem a preservar aquele corredor ecológico de Santa Maria da Feira.

Contam-nos que este espaço que agora está a merecer tanta atenção dos amantes da natureza esteve, durante vários anos, largado ao abandono. O rio Uíma – um afluente da margem esquerda do rio Douro e cuja bacia hidrográfica ocupa uma área de cerca de 72 quilómetros quadrados -, tal como muitos outros espelhos de água, foi vítima da poluição das descargas industriais e o local foi deixando de ser aprazível. Felizmente, há cerca de 10 anos, a câmara municipal decidiu virar a página, reabilitando todo aquele local.

Hoje, o Parque das Ribeiras do Uíma é considerado um exemplo em termos de riqueza ecológica, com uma certeza: a natureza é quem manda no espaço, ou seja, a palavra de ordem é para deixar que as espécies autóctones se desenvolvam livremente, limitando ao mínimo a intervenção urbana. Ainda que, nalguns pontos, a paisagem lhe pareça estar algo “desorganizada”, fique a saber que a responsabilidade disso é da própria natureza. Com uma grande vantagem: poderá repetir a (re)descoberta do parque, com a garantia de que irá encontrar uma paisagem diferente. Tanto mais porque – e a avaliar pela experiência da Fugas – será difícil, com apenas um passeio, conseguir avistar toda a fauna daquele espaço natural. Dependendo da hora do dia ou da estação do ano, há espécies de animais que pode não conseguir ver. É o caso da lontra, da salamandra de pintas amarelas e da salamandra-lusitânica.

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