Entre a avenida junto ao Atlântico e as principais ruas do centro de Santa Cruz de Tenerife cabem todas as fantasias. Médicos, polícias, pikachus, super-heróis para todos os poderes, astronautas, prisioneiros, piratas, diabos, anjos, ratos e gatas e animais de toda a espécie, príncipes, chineses, militares e, os mais populares, matrafonas e tutus coloridos a condizer com perucas e suspensórios. Há quem ponha apenas um pequeno adereço, mas a maioria veste-se a rigor, do sapato à maquilhagem. E há famílias inteiras vestidas de igual, todos com o mesmo tutu berrante e maillot e leggings pretas ou com o pijama-macacão a imitar a pele de algum animal. Até parece mal não vir mascarado.
O Carnaval na ilha de Tenerife teve honras de inauguração a 27 de Janeiro e só acabará com o “grande final” a 5 de Março. Mais de um mês de festas, entre concursos de murgas (género musical espanhol popular), da rainha do Carnaval, de comparsas, disfarces e carros alegóricos, de desfiles, bailes e concertos. Esta tarde, o “coso apoteosis del Carnaval" vai desfilar grupos e carros alegóricos pela avenida principal, no momento alto da programação.
No entanto, um dos pontos fortes da tradição carnavalesca em Tenerife dispensa as plumas, os corpetes de lantejoulas e as coreografias ensaiadas ao segundo. É o Carnaval en la calle, que chega a juntar mais de 150 mil pessoas pelas ruas da cidade nas noites de máxima afluência carnavalesca.
Todos encarnam o seu melhor disfarce e divertem-se noite dentro, ora na feira popular erguida junto ao molhe, ora nos concertos que se distribuem pelos diferentes palcos do centro, nas barraquinhas de comida e bebida, ou em bandos pela Praça de Espanha. O melhor do Carnaval de Tenerife é “por la noche, a bailar en la calle”, defende Veronica, 37 anos. Veio de Candelaria, a cerca de 25km a sul de Santa Cruz. Mas há quem venha de outras ilhas das Canárias.
É o caso de Selmo, Suley, Samuel e Lomas, de 18 e 19 anos, que vieram de Forteventura viver pela primeira vez o Carnaval da ilha vizinha. “Dizem que é o melhor do mundo.” Eles vieram confirmar. Chegaram no sábado e vão embora esta terça-feira. A experiência está a superar as expectativas. “Nunca tinha visto tanta gente junta, é um ambiente brutal, gente muito amável”, vão enumerando enquanto descansam num banco de jardim. Mais tarde, encontramo-nos de novo num dos concertos. A música electrónica dá ritmo às hormonas da juventude e muitas bebedeiras vão continuar a esvaziar as garrafas de misturas feitas em casa. Noutro palco, a música latina atrai sobretudo famílias, casais e grupos de adultos. O rigor da máscara é igual.
É 1h e continuam a chegar autocarros repletos de mascarados vindos de outras zonas da ilha. O calendário já assinala Terça de Carnaval e quando o sol nascer serão poucos os que terão de ir trabalhar. A festa ainda mal começou.
A Fugas viaja a convite do Turismo de Espanha
Notícia actualizada: no título, corrigiu-se a expressão "el mejor" para "lo mejor".