A Hearts Desire Avenue que cruza com Broken Hearts Street (Las Vegas, EUA); a Suffering Lane perpendicular à Pain Lane (Saint George’s Island, Bermudas), Shades of Death Road (Nova Jérsia, EUA) as Useless Islands (Nova Zelândia), a Solitude Island (Ontário, Canadá), a Despair Island (Rhode Island, EUA), Ugly (Bengala Ocidental, Índia), Sad (Eslovénia), Shit (Irão), Lonelyville (Nova Iorque, EUA).
Corações partidos, sofrimento, sombras da morte, inútil, solidão, desespero, feio, triste... Podem não ser sítios óbvios mas, para Damien Rudd, são locais “para ir quando te sentes em baixo”. A ironia é incontornável na descrição que ele faz da sua conta de Instagram, Sad Topographies. E há que reconhecer a sua originalidade: aqui, ele faz a compilação de localizações do mundo com os nomes mais tristes que vai encontrando. Não, não é uma conta de viagens, porque Damien Rudd nunca foi sequer a um desses lugares. Basta-lhe um computador e o Google Maps para encetar uma viagem pela alameda da melancolia (Melancholy Lane, Dorset, Inglaterra).
São 141 as “escapadas” propostas – algumas são séries, como a do desapontamento:
Disappointment Cleaver, Cape Disappointment, Disappointment (Washington, EUA), Disappointment Mountain (Minnesota, EUA), Disappointment Creek (Kentucky, EUA), Disappointment Lake (Califórnia, EUA e Idaho, EUA) – e os seguidores são 69.500. Pelos comentários, esta é tudo menos uma página deprimente – o bom humor, o sarcasmo, os trocadilhos são as reacções mais comuns. E o próprio autor, um artista australiano a viver em Amesterdão, tem uma atitude semelhante. “Estou convencido de que ainda que os nomes destes lugares sejam interessantes e divertidos, os próprios lugares serão muito parecidos com a paisagem que os rodeia”, afirmou à espanhola Traveler.
Sobre a própria conta de Instagram, diz que “não houve nenhuma razão de peso” para a começar. “Simplesmente pensei que havia descobertas divertidas que podiam ser partilhadas.” Alguns dos locais que publica, diz, “não são tão dramaticamente tristes”; outros, porém, são pura e simplesmente horríveis. “É o caso da Massacre Island (ilha do massacre), no Canadá. Chama-se assim porque em 1736 descobriram-se ali corpos decapitados de 21 franceses que comercializavam peles.”
É que se Damien Rudd nunca visitou nenhum dos lugares que publica, explorou-os muito bem desde o seu sofá, diz, quando fez investigação para um livro inspirado na conta de Instagram. E dessas pesquisas considera que as localizações na Antárctida são as que têm histórias mais interessantes. “Por exemplo, a Shapeless Mountain (montanha sem forma) assim chamada porque nenhuma das expedições conseguiu pôr-se de acordo sobre a sua forma. E há também um Wrong Peak (pico errado) porque uma expedição escalou a montanha errada.”