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Sob o céu mais estrelado

Por Frederico Duarte

Passar uma noite no complexo que alberga o maior e mais avançado telescópio do planeta pode ser uma experiência quase religiosa. O VLT, no Cerro Paranal, é um híbrido de mosteiro, resort e colónia extraplanetária numa paisagem como que coberta de cacau em pó.

“Se vais ao Chile tens de ir ao Paranal.” Este foi desafio que o astrónomo português Pedro Russo me fez em Lisboa semanas antes da minha partida para Santiago do Chile. Apesar de ter corrido o mundo como um dos profissionais mais destacados na comunicação de ciência e das ciências espaciais, ele ainda não foi ao maior e mais avançado telescópio do planeta. Mesmo quando em 2009 desempenhou o cargo de coordenador geral do Ano Internacional da Astronomia a partir do seu gabinete na sede do Observatório Europeu do Sul, mais conhecido pela sua sigla em inglês ESO (European Southern Observatory), em Garching, perto de Munique. Mas eu, estando semanas depois (mais) perto e sendo (um mesmo que ocasional) jornalista, poderia solicitar ao ESO uma visita e mesmo uma estada na residência do complexo. O primeiro contacto foi dele. As diligências necessárias para lá chegar e ficar uma noite foram minhas.

Muito a Sul da Europa

O ESO é uma organização europeia intergovernamental fundada em 1962 que  actualmente conta com 15 estados-membros: 14 estados europeus (Portugal aderiu em 2001) e o Brasil. A sua missão passa por financiar, construir e operar telescópios e outros instrumentos de observação astronómica, colocando-os ao serviço da comunidade científica mundial.

Graças às condições únicas de altitude, precipitação, humidade relativa, turbulência atmosférica e poluição luminosa do deserto do Atacama, mas também a factores de ordem política, científica e económica, o Chile foi eleito como a nação anfitriã dos três observatórios hoje operados pelo ESO: La Silla, ALMA e Paranal.

Inaugurado em 1969, o Observatório de La Silla foi o primeiro construído pelo ESO no topo de uma montanha de 2400 metros na extremidade sul do deserto do Atacama, a 600 quilómetros a norte de Santiago. Conta com dois telescópios operados pelo ESO e oito telescópios nacionais.

O telescópio ALMA, tal como indica o seu nome em inglês – Atacama Large Millimeter/submillimeter Array – observa o universo em comprimentos de onda milimétricos e submilimétricos. As suas 66 antenas de alta precisão, instaladas no planalto de Chajnantor a 5000 metros de altitude e 50 quilómetros a leste de San Pedro de Atacama, no extremo nordeste do Chile, produzem imagens do espaço com uma nitidez dez vezes superior à do telescópio espacial Hubble.

VLT, ou Very Large Telescope — em português, telescópio muito grande — é o nome dado pela comunidade científica à principal estrutura do ESO construída a partir da década de 1990 no Cerro Paranal, a 1200 quilómetros a norte de Santiago do Chile. Trabalhar no Paranal é o sonho maior de muitos astrónomos e astrofísicos.

Não é, porém, necessário ser cientista ou lá trabalhar para conhecer estas estruturas. De forma a promover a investigação feita pelas suas equipas, mas sobretudo para estimular a imaginação do público em geral sobre o universo o ESO, permite visitas aos seus longínquos pontos de observação do desconhecido.

É que não são só as imagens de galáxias, estrelas e outros objectos espaciais registadas por estas estruturas e divulgadas pelo ESO que nos fascinam. As próprias imagens dos seus instrumentos científicos e edifícios, pousados nesta paisagem montanhosa e como que coberta de cacau em pó, fazem com que queiramos ver o que está infinitamente longe e eles nos revelam. Mas também nos convidam a chegar, um dia, a um destes sólidos geométricos entre a máquina e o edifício, o armazém e a nave espacial.

A partida

Antes de ser uma estrutura, Paranal é um cerro. Cerro, termo pouco usado pelos portugueses de hoje para colina ou outeiro, é como os chilenos chamam às elevações na paisagem do seu longo e estreito país entre a cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico.

Para chegar ao Cerro Paranal há que primeiro chegar ao Chile. Como não existem voos directos entre Lisboa e Santiago do Chile, escolhi Paris como cidade de escala. Poderia ter escolhido Londres, Madrid ou Roma, sabendo que, tal como para a Air France, também para a British Airways, Madrid ou Alitalia o voo para Santiago é o mais longo voo directo de cada uma destas companhias aéreas: 14h40min, 13h40min, 13h40min, 15h15min… Poderia ainda ter feito conexão em São Paulo ou no Rio de Janeiro, dividindo o tempo de voo pelos dois continentes. Mas não era a mesma coisa (e não custava o mesmo).

Dos 18 voos diários entre Santiago e Antofagasta operados pela LatAm e pela low-cost Sky escolhi a opção mais barata. A viagem de duas horas acompanha toda a costa chilena e termina com uma aproximação dramática ao aeroporto de Antofagasta, localizado a 20 quilómetros da cidade, precisamente no meridiano do Trópico de Capricórnio, numa planície rodeada de cerros e outras aflorações rochosas em vários tons de castanho que termina em escarpas arenosas sobre o oceano Pacífico.

Na viagem de uma hora do aeroporto para o meu hotel o transfer colectivo vai deixando passageiros nos vários sectores da cidade, passando por bairros de casas populares cor de lama com decorações de Natal, anúncios de condomínios fechados com vista para o mar, rochas repletas de pelicanos.

Fundada em 1868 como cidade boliviana, Antofagasta passa para mãos chilenas em 1904, já depois do boom do salitre – o célebre salitre ou nitrato do Chile, cujos painéis publicitários em azulejo desenhados nos anos 1920 pelo espanhol Adolfo Lo´pez-Duran Lozano ainda hoje se encontram em Portugal e Espanha – que até ao crash de 1929 trouxe à cidade o porto, o caminho-de-ferro e imigrantes ingleses, espanhóis, gregos, árabes, chineses. Hoje é o cobre do Chile que faz de Antofagasta a quinta maior e mais rica cidade chilena.

Ao fim da tarde de uma sexta-feira de Primavera tardia as ruas pedonais do centro da cidade estão cheias de gente às compras, casais a tirar selfies, famílias a ouvir e ver bandas de rua e ranchos folclóricos. Ao fundo, dominando o anfiteatro da paisagem urbana, a massa castanha da cordilheira da Costa do Pacífico Sul.

Como não existem transportes públicos para o Cerro Paranal, aluguei um carro e levantei-o no aeroporto, onde cheguei de táxi – também não existem transportes públicos entre o centro e o aeroporto – e logo a seguir fiz todo o caminho de volta ao centro até chegar à Avenida Salvador Allende e virar à esquerda. Daqui comecei a terceira parte da minha viagem.

A chegada

Quando a avenida acaba e a estrada começa, o terreno eleva-se, endurece, escurece. Passando a cordilheira chego à Ruta 5, mais conhecida por Panamericana del Norte, viro à direita. Seguem-se 120 quilómetros de uma quase ininterrupta recta numa estrada de qualidade e sinalização irrepreensíveis. A paisagem torna-se mais aberta, mais suave, mais clara. De um lado e do outro do alcatrão a presença vegetal, animal e humana é quase nula. Um carro de vez em quando. Camiões. Autocarros (carreira Santiago-Antofagasta: 18 horas e 25 minutos). Outdoors, muitos sem anunciante. Um céu como só nos filmes.

Antes do meio do caminho passo pelo bairro industrial La Negra, sede de empresas associadas à exploração mineira, um aglomerado de armazéns, estruturas industriais e camiões envoltos numa nuvem de pó. Mais a sul passo o entroncamento com a ruta B-55, estrada que 145 quilómetros a leste chega a Mina Escondida, a maior e mais produtiva mina de cobre do mundo. Faço os últimos oito quilómetros sempre a subir, na variante que termina no portão do observatório. Chego mesmo antes das duas da tarde.

A visita

Tal como os outros telescópios do ESO, o VLT não é um museu, nem um centro de ciência, nem uma instituição de ensino. É um local de trabalho. Isso justifica que o acesso ao público esteja limitado a um dia por semana (sábados) e seja feito apenas por visita guiada com marcação prévia obrigatória. Em cada sábado há duas visitas de três horas, começando a primeira às 10h e a segunda às 14h. As visitas são gratuitas. O limite dos grupos é de 180 pessoas.

Quem me fornece estas e outras informações é Victor Sanchez, o jovem estudante de biotecnologia de Antofagasta que será o meu guia nas 24 horas que passo no Cerro Paranal, acompanhando-me a mim e à equipa da revista de uma empresa americana de jactos privados. Como membros da imprensa somos autorizados a ver e saber mais sobre o VLT, falar com o pessoal que aqui trabalha e a pernoitar na residência do complexo. O outro estatuto que permite este tratamento especial é o de VIP; neste sábado o grupo de visitantes muito especiais incluem o embaixador da Grécia no Chile e o português Joaquim Oliveira Martins, chefe da Divisão de Política e Desenvolvimento Regional da OCDE.

Enquanto almoçamos sabemos que os visitantes do VLT chegam aqui de muitas formas — automóvel, motociclo ou bicicleta — e de todo o lado: estudantes chilenos em excursão, entusiastas da astronomia e astrofísica, turistas para quem o Paranal é mais uma paragem do seu périplo pelo deserto do Atacama. Cada grupo é recebido por um guia no centro de visitantes, subindo de seguida à plataforma dos telescópios.

Desta plataforma, localizada a apenas 12 quilómetros da costa e a 2635 metros de altura do nível médio das águas do mar, num dia de boa visibilidade vemos a oeste as águas do Pacífico e a leste o vulcão Llullaillaco, já na fronteira com a Argentina. Um arco de visão de aproximadamente 205 quilómetros, igual a toda a largura do Chile. E equivalente à de Portugal entre Elvas e o cabo da Roca.

É também daqui que andamos entre os quatro telescópios com espelhos principais de 8,2 metros e os quatro telescópios auxiliares móveis com espelhos de 1,8 metros. Os primeiros são chamados de Unit Telescope (Telescópio Unidade): UT1, UT2, UT3, UT4 e pelo seu respectivo nome em mapudungun, a língua dos mapuche, povo indígena do Chile e da Argentina: Antu (Sol), Kueyen (Lua), Melipal (a constelação Cruzeiro do Sul, a mesma do logótipo do ESO) e Yepun (Vénus ou Estrela da manhã).

Como as visitas são feitas durante o dia, o público comum não pode observar a abertura de cada UT ao pôr do sol. O nosso grupo pôde testemunhar esta coreografia entre máquina e edifício, cada um rodando independentemente entre si sobre finas camadas de óleo enquanto as portadas desta estrutura rigorosamente climatizada se abrem lentamente. Já dentro de cada UT aprendemos as funções dos espelhos primário, secundário e terciário, além dos instrumentos a eles ligados.

Um deles é a Laser Guide Star Facility (Unidade de Laser de Estrela-Guia). Os seus quatro emissores acoplados ao UT2 emitem raios laser com 30 centímetros de diâmetro e 22 watts de potência (4000 vezes a de um ponteiro de laser) de forma a excitar átomos de sódio localizados na atmosfera a 90 mil metros de altitude e assim criar estrelas artificiais. Estes pontos de luz são usados para compensar as distorções causadas pela turbulência atmosférica, responsável pelo familiar brilho intermitente das estrelas vistas da Terra. Esta é a descrição científica e racional de um sistema de óptica adaptativa que por sorte pudemos ver ser testado entre as nove e dez horas da noite de 3 de Dezembro de 2016.

Estar de pé nesta plataforma uns 1500 metros acima das nuvens, rodeado por estruturas iluminadas pela ténue luz de meia-lua enquanto uma delas propaga quatro raios laranja-fluorescente em direcção a um céu exuberantemente estrelado poderia talvez ser descrito como uma experiência religiosa. Só que aqui não é a natureza que esmaga, nem a manifestação de um qualquer ente organizador do universo que comove. É o peso de milénios de conhecimento humano acumulado, transmitido e aperfeiçoado por homens e mulheres de diferentes eras, territórios, culturas e crenças cuja curiosidade, sede de descoberta e investimento no futuro soube vencer as diferenças, os obstáculos e as fronteiras que fomos e vamos colocando uns aos outros para chegar um pouco mais longe – que em astronomia significa também um pouco mais perto.

A estadia

O edifício semienterrado no cerro, abaixo da plataforma dos telescópios, foi projectado pelo atelier de arquitectura alemão Auer+Weber e inaugurado em 2002 com o nome Residencia. É neste híbrido de mosteiro, resort e colónia extraplanetária que as equipas do VLT comem e dormem – e há sempre alguém a dormir em qualquer hora do dia e da noite. Mas também é aqui que podem ver cinema, tocar bateria, jogar pingue-pongue, fazer exercício ou ler nos espaços desenhados especificamente para cada actividade. Ou nadar na piscina rodeada de plantas tropicais bem no centro do edifício e debaixo da cúpula de vidro de 35 metros de diâmetro. Uma aparente excentricidade que tem um propósito tão prosaico quanto essencial: aumentar a humidade relativa no interior do edifício, dos 6% do exterior para uns mais habitáveis 12%.

A Residencia tem capacidade para entre 100 a 110 pessoas, sendo a maioria do pessoal do ESO que aqui trabalha permanentemente: operadores de telescópio e instrumentos, engenheiros e técnicos de manutenção ou instalação de equipamentos e astrónomos (10% do total). Estas 180 pessoas trabalham por turnos em 85 funções, sendo cada turno composto por oito dias de trabalho e seis dias de descanso passados em Antofagasta ou em Santiago. Os residentes ocasionais, como eu, ficam em quartos de alguém que está fora, convivendo uma noite com as coisas que fazem de uma residência a sua casa.

A jornada de trabalho tem lugar de dia, para a maioria dos técnicos responsáveis pela manutenção ou instalação de equipamentos, ou de noite, para os cientistas visitantes (em média 15 por mês) e operadores de telescópio e instrumentos. A intensidade do trabalho, a alta rotatividade de visitantes, a localização inóspita do observatório e ainda as condições de alta altitude e baixa humidade fazem com que trabalhar no Paranal, onde se trabalha 24 horas por dia, 365 dias por ano – tendo em conta que o VLT tem em média 300 noites por ano de bom seeing, termo usado para descrever condições óptimas de observação – seja tão estimulante quanto extenuante. Por isso o descanso, o exercício e o entretenimento são fundamentais. Tal como a qualidade da arquitectura e da comida.

A cantina tem janelões abertos para o céu azul e fechados com cortinas black-out para não perturbar o céu estrelado. É então que se acendem os candeeiros de tecto Lorosae desenhados por Álvaro Siza. Aqui funcionários e visitantes de várias 15 nacionalidades comem uma de três refeições – pequeno-almoço, almoço, jantar – de acordo com o seu turno. E embora a gastronomia seja internacional, ao domingo há sempre asado, o tradicional churrasco chileno.

O trabalho

Dentro do centro de controlo do VLT conversamos com o belga Alain Smette, coordenador de turno dos astrónomos e engenheiros. A sua função no VLT, onde trabalha há 12 anos, é coordenar o tempo de telescópio para cada astrónomo. Esta tarefa delicada começa com o concurso para tempos de telescópio lançado pelo ESO duas vezes por ano. Em princípio, diz ele, “qualquer pessoa pode enviar uma proposta” quer seja um astrofísico catedrático, um PI (Principal Investigator, termo bem conhecido da comunidade científica), um estudante de doutoramento ou um astrónomo amador. Ou até um artista. Porém, a fasquia académica é alta, a concorrência é feroz e o nível de investimento envolvido é enorme: cada segundo de tempo de telescópio tem o custo estimado de 2 euros. “Combinando todos os seus telescópios, o ESO recebe 900 propostas”, diz Smette, sendo atribuídas àquelas seleccionadas tempo de observação em modo de serviço e de visitante.

No modo de serviço, que corresponde actualmente a 60% da utilização do VLT, é atribuído tempo de telescópio de acordo com as especificações de cada astrónomo. A seguir as imagens e outros dados são enviados para o seu instituto de investigação usando o cabo de fibra óptica que liga o observatório directamente à sede do ESO na Alemanha.

O modo de visitante é mais dispendioso, já que envolve a vinda do investigador, ficando viagem e alojamento (três/quatro noites) a cargo do ESO. Para Smette, este modo permite uma observação “fora do padrão de uso” e “uma relação imediata com o que se está a ver”, além de uma maior interacção entre cientistas e operadores. Mas, por trazer aqui mais cientistas, este modo valoriza o VLT ao torná-lo num remoto, porém estimulante, ponto de encontro e discussão de ideias, hipóteses, teorias – e descobertas.

Toda a informação obtida nos telescópios do ESO pertence ao respectivo investigador apenas por um ano; a seguir os dados são tornados públicos e acessíveis a qualquer membro da comunidade científica – na verdade, qualquer pessoa. Actualmente, o conhecimento obtido no ESO gera em média três artigos publicados em revistas científicas com arbitragem científica por dia. Este é o observatório cientificamente mais produtivo do planeta.

Muito desse conhecimento é obtido graças aos instrumentos que vão sendo adicionados aos telescópios, exemplos de aplicação de tecnologia de ponta desenvolvida entre a universidade e a indústria. Exemplo disso é o instrumento ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations), desenvolvido por um consórcio luso-hispano-italo-suíço. De acordo com o site do ESO, este instrumento, que vai captar informação dos quatro UT, não só é “um dos instrumentos mais antecipados pelo mundo astronómico” como “vai levar a procura de planetas extrassolares ao próximo nível”.

Mesmo antes de deixar o Paranal conversei com Alexandre Cabral, Manuel Abreu e António Oliveira, membros da equipa do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço de Lisboa que têm vindo várias vezes ao VLT para montar e testar apenas um dos componentes deste espectrógrafo, o coudé train, composto por nove elementos ópticos desenvolvidos com a colaboração de empresas portuguesas e que deverá estar em pleno funcionamento já este ano. Além do processo complexo e esgotante de montar e implementar este instrumento nos túneis debaixo da plataforma dos telescópios, eles falam-me com orgulho da qualidade, produtividade e reconhecimento internacional da astrofísica portuguesa.

Se bem que sob o céu do Paranal não faça muito sentido falar em orgulhos nacionais. No topo deste cerro, e muito além deste deserto, equipas de investigadores dedicam-se a aperfeiçoar partes de instrumentos, a compreender fenómenos dantes incompreensíveis ou a identificar longínquos corpos celestes. Provando como todos os dias e todas as noites se pode dedicar uma vida a uma ínfima parte do universo mas também que o progresso científico é feito de pequeníssimos passos dados em conjunto. Talvez essa seja a maior mensagem e o mais importante legado de uma visita a este monumento internacional ao conhecimento.

Mas às vezes também se dão passos gigantescos. Pouco depois de descer o Cerro Paranal no caminho de regresso a Antofagasta passo pela placa que diz Cerro Armazones. Será aqui erguido o E-ELT – European Extremely Large Telescope, ou Telescópio Europeu Extremamente Grande. O maior telescópio de sempre terá 39 metros de diâmetro, quatro a cinco vezes maior que os UT do VLT. A sua primeira pedra será colocada este ano e a sua “primeira luz” está prevista para 2024. Já desafiei o meu amigo Pedro a irmos juntos à inauguração.

 

Guia prático

Como ir

Os voos de Lisboa para Santiago variam entre os 600€ e os 1300€. De Santiago para Antofagasta variam entre os 400€ (Latam) e 7€0 (Sky).

Onde ficar

Terrado Suites Antofagasta
Hotel de 17 andares no centro da cidade. Quartos duplos com grandes varandas para o mar a partir de 80€.
www.terrado.cl

Quando ir

As visitas ao Observatório do Paranal têm lugar todos os sábados do ano. A melhor altura para é a Primavera e Verão austrais (Setembro a Março).

Informações

O site do ESO é extremamente rico em conteúdos e informações sobre todas as suas actividades incluindo visitas aos seus observatórios. A visita é gratuita, mas obriga a uma inscrição prévia.
www.eso.org

Ver também

O documentário de 2010 A Nostalgia da Luz, do realizador chileno Patricio Guzmán, é um belíssimo documento sobre o céu observado pelos astrónomos do ESO e os vestígios do passado procurados no deserto do Atacama por arqueólogos e familiares das vítimas da ditadura chilena. Versão legendada em português editada em DVD pela Midas Filmes.

A Fugas ficou alojada na Residencia do Observatório do Paranal a convite do ESO - European Southern Observatory

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