Fugas - Viagens

  • Fábrica da Vista Alegre
    Fábrica da Vista Alegre Adriano Miranda
  • Museu Marítimo de Ílhavo, aquário de bacalhaus
    Museu Marítimo de Ílhavo, aquário de bacalhaus Adriano Miranda
  • Costa Nova
    Costa Nova Adriano Miranda
  • Capela da Nossa Senhora da Penha de França, Vista Alegre
    Capela da Nossa Senhora da Penha de França, Vista Alegre Adriano Miranda

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Comer bacalhau num serviço Vista Alegre

Aqui conta-se também a história do fabrico da porcelana, das muitas experiências que foi necessário fazer até se conseguir chegar à fórmula certa – um dos pontos altos é o forno antigo, onde se pode entrar, destinado à cozedura das peças de argila (que pela acção da temperatura se transforma em cerâmica), atingindo os 1350º C (hoje os fornos funcionam a gás natural). Há também toda a história do trabalho de pintura da cerâmica, as modas ao longo dos tempos, o trabalho dos artistas locais e a colaboração com grandes nomes nacionais e internacionais. A visita inclui, aliás, uma passagem pela oficina de pintura, onde podemos ver os pintores a trabalhar em peças que estão agora a ser produzidas.

Mas para ser conhecer toda a história da Vista Alegre é indispensável a passagem pela Capela da Nossa Senhora da Penha de França, que foi o início de tudo. Classificada em 1910 como Monumento Nacional, foi mandada edificar nos finais do seculo XVII pelo bispo D. Manuel de Moura Manuel e comprada por Pinto Basto em 1816, sendo à sua volta que nasceu a fábrica e o bairro operário.

No interior vê-se o impressionante túmulo do bispo, esculpido por Claude Laprade, além dos azulejos do século XVII pintados pelo espanhol Gabriel del Barco. Um dos pontos de vista mais interessantes da capela não está ao alcance de todos mas tem, sem dúvida, um charme muito especial: trata-se do varandim, à altura do altar, ligado a um dos quartos da ala antiga do Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel.

Quando o Grupo Visabeira adquiriu a Vista Alegre e quis relançar o local como atracção turística, decidiu construir um novo edifício para um hotel de cinco estrelas, virado para a ria de Aveiro. Assim, a parte moderna, com restaurante e uma decoração que conta, também ela, a história da fábrica de porcelana (cada andar corresponde a uma fase do fabrico e cada quarto tem uma decoração personalizada a partir das peças Vista Alegre) está hoje ligada à parte mais antiga, a casa da família Pinto Basto. É no hotel que encontramos a Fonte do Carapichel, mandada construir pelo bispo para ter água junto à capela. E é nela que lemos os versos que explicam o nome deste lugar: “Bebe, pois, bebe à vontade, acharás que é (muitas vezes) tão útil para a saúde quão para a vista alegre”.  

Farol

É o mais alto farol português – são 62 metros de altura – e o 26.º maior do mundo. E deve ser difícil encontrar faroleiros mais orgulhosos do seu local de trabalho. Somos recebidos à entrada pelo faroleiro chefe Nogueira da Silva, que nos explica a história do farol inaugurado em 1893 na sequência do alvará do Marquês de Pombal no final do século XVIII (a barra tinha sido aberta em 1810), que quis garantir a segurança dos navios ao longo de toda a costa portuguesa com a construção de uma série de faróis. Sabe-se até quanto custou, na altura, ao Estado português: 51 contos, o que equivale hoje a 255 euros.

Antes de subirmos ao topo – são exactamente 271 degraus em pedra e em forma de caracol – Nogueira da Silva ainda nos deixa uma explicação útil: os 13 segundos que a luz do farol demora a dar uma volta são uma espécie de assinatura deste farol. Cada um dos existentes em Portugal tem um tempo diferente, o que permite a quem está perdido no mar identificar o local onde se encontra apenas pela contagem dos segundos da rotação do farol.

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