No centro da ilha de Java bate agora um coração multicolor. Inspirado por outras vilas arco-íris da Indonésia, o director de uma escola local, Slamet Widodo, quis dar nova vida à cinzenta favela de Kampung Wonosari, localizada na região de Semarang, e deu as primeiras pinceladas a um projecto que, no final de Abril, tingiu de cor 232 edifícios da vila.
A autarquia local apoiou o projecto com um orçamento de 300 milhões de rupias indonésias (cerca de 20 mil euros) e mais de metade das casas da favelav que sobem a colina, cobriram-se de tons garridos, do chão aos telhados. Riscas coloridas alinhadas nas mais diversas direcções, fachadas preenchidas a círculos e quadrados, corações, bandeiras, asas angelicais ou animais e outras figuras. Kampung Wonosari chama-se agora Kampung Pelangi. Vila Arco-íris. E a hashtag #kampungpelangi soma selfies e fotografias coloridas no Instagram.
“Cada casa tem pelo menos três cores”, conta Siswoyo, responsável da Associação de Construtores Indonésios (Gapensi), ao Jakarta Post. A organização foi uma das entidades locais e nacionais que apoiaram a iniciativa, com tintas e trabalhadores. Numa primeira fase, apenas dois bairros da favela foram alvo da transformação, mas o objectivo, avança Slamet Widodo ao jornal indonésio, é transformar toda a favela num imenso arco-íris, cobrindo de tintas coloridas todas as 385 casas da localidade.
“Com sorte, Kampung Pelangi será a maior de todas [as vilas coloridas] da Indonésia e a nova atracção turística em Semarang”, ambiciona o professor de 52 anos. A ideia, admite Widodo, surgiu “depois de ter visto a beleza” de outras localidades e a inspiração é decalcada directamente de vilas como Kampung Warna-warni e Kampung Tridi, em Malang, e Kampung Kali Code, em Yogyakarta.
O objectivo da iniciativa passa não só por dar uma nova vida – e cor – à favela, como promover a coesão social entre os habitantes e atrair turistas estrangeiros, estimulando a economia local. O projecto incentiva “o envolvimento activo dos cidadãos no melhoramento das suas casas”, defende o autarca de Semarang, Hendrar Prihadi, que acredita que “o resultado pode atingir biliões de rupias indonésias graças à participação da comunidade”.
Para já, o aumento súbito de visitantes levou ao crescimento das vendas de comida e de recordações. E ao catapultar de uma desconhecida favela indonésia para as páginas de várias publicações internacionais.