Estão a ver aquele aviso “É proibido tocar nas peças expostas” que é estampado à entrada dos museus — e repetido vezes sem conta ao longo do discurso expositivo? No Museu do Brincar, em Vagos, a ordem dada aos visitantes vai precisamente em sentido contrário: o material exposto pode (e deve) ser tocado — à excepção de muito poucas peças que se encontram fechadas em vitrines — por miúdos e graúdos. Sim, porque entre os cerca de 1400 artigos em exposição (brinquedos, material escolar, vestuário, fotografias e livros) há alguns que são sentidos com especial carinho pelos mais velhos. É o caso dos brinquedos construídos — carrinhos de rolamentos, piões, carrelas — que fizeram as delícias dos que agora são pais, avós e bisavós.
Sejam bem-vindos ao mundo encantado do Museu do Brincar que mora no Palacete Visconde de Valdemouro (antigo edifício dos Paços do Concelho de Vagos), bem no centro da vila. Dinamizado pela associação Arlequim – Teatro para a infância, este espaço tem muito para dar a conhecer ao público, num discurso expositivo que muda a cada ano — em Setembro fecha para reformular a colecção. Como o espólio da associação é grande (cerca de 22 mil peças relacionadas com o universo da criança, recolhidas ao longo de mais de 30 anos), a aposta passa por levar a que haja sempre algo novo para descobrir no museu.
Este ano, “Sobre rodas” foi o tema escolhido, começando logo por apresentar aos visitantes todo um universo de brincadeiras em cima de cavalos, triciclos, carrinhos de bebés, patins e bicicletas. E é a partir daqui que o público é levado até à galeria dos fantoches, ao espaço da música, à galeria do brinquedo construído, à casa das bonecas, à sala dos piratas ou ao castelo, entre outros espaços. Pelo meio, há ainda uma passagem por uma galeria que, segundo os responsáveis do museu, tem emocionado as gerações mais velhas: a sala da escola, que recria, na perfeição, as escolas primárias de outros tempos (onde não faltavam as fotografias de António Oliveira Salazar e de Américo Tomás penduradas na parede, um grande mapa de Portugal e um quadro de lousa escrito a giz).
“O Museu do Brincar é um bocadinho como a casa da avó, que tem coisas muito antigas, mas nas quais a avó nos deixa mexer”, ilustra Jackas (Joaquim Carlos), um dos responsáveis pelo espaço que tem como mascote o Visquinho, um cão salsicha que já começa a ser muito conhecido junto dos mais novos. Fica também essa certeza: ao longo do ano, esta espécie de “casa da avó” vai apostando em vários eventos e espectáculos especiais.
Museu do Brincar
Largo Branco de Melo
Palacete Visconde de Valdemouro, RC, Vagos
Tel.: 234796151; 919353170; 964 695 304
Email: geral@museudobrincar.com
www.museudobrincar.com/
Horários: de terça-feira a domingo, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30.
Preços: 3€ por pessoa (grupos e protocolos com descontos); grátis para crianças até três anos.
Outros museus no país
Seia: Portugal e o mundo, o passado e o presente
Não tem a pretensão de ser a maior nem a melhor colecção de brinquedos, mas mesmo sem ela tem um belíssimo espólio para mostrar. Com uma colectânea com mais de 8000 exemplares, o Museu do Brinquedo de Seia concretiza objectivos bem definidos, mostrando objectos de Portugal e do mundo, do passado e do presente: aos miúdos vai mostrar que é a brincar que a gente se entende, sempre; aos graúdos vai relembrar que vale muito a pena voltar à infância e recordar como crescemos como indivíduos. É gerido pela Câmara Municipal e está aberto de terça a domingo, das 10h às 18h. Tem bilhetes família que aceitam até quatro crianças para além dos pais. L.P.
Museu do Brinquedo de Seia
Largo de Santa Rita
6270-492 Seia
Tel.: 238 082 015
Preços: adulto 3€; jovens (quatro aos 17 anos): 2 €