Fugas - Viagens

  • Mário Lopes Pereira
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Florir entre o vento, o sal e a areia

No Núcleo de Interpretação da Duna da Cresmina, para além de uma cafetaria, há um painel com fotografias aéreas. Começamos com a de 1947, quando a estrada do Guincho veio cortar – e ameaçar – o sistema dunar.  A grande mancha de areia desse ano vai encolhendo ao longo dos anos registados nas imagens: 1958, 1987, 2001, 2007 e 2010. Para além da estrada a cortar a duna, a construção da Estalagem do Muchaxo veio estreitar o corredor eólico que a alimenta; a remoção ilegal de areias para construção e o aumento do pisoteio agravaram ainda mais as ameaças. São muitas as manchas escuras que interrompem o areal.

Em 2011 começaram os trabalhos de recuperação (feitos em conjunto pela Cascais Natura, Agência do Ambiente da Câmara Municipal de Cascais e o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade). Ainda se vêem aqui e ali feixes de vime, que foi usado para a construção de barreiras biofísicas, perpendiculares ao vento dominante (barreiras que ainda existem). Foi criado o passadiço sobrelevado em madeira, para não deter a passagem da areia. “Quando a duna se consolida, sobe-se o passadiço, ou desvia-se para outro lado.” E trabalhou-se para a erradicação de  espécies exóticas, como o chorão das praias. Passássemos por ali há meia dúzia de anos e haveria tapetes deles espalhados pela duna. “É preciso fazer o controlo e o seguimento destas plantas invasoras” e substituí-las pelas endémicas, diz Sara Saraiva. “Temos um viveiro onde produzimos plantas que recolhemos do local.” Várias pequenas sabinas das praias estão protegidas por um cilindro verde para ganharem estrutura (quando ficam crescidas, os coelhos e as perdizes gostam de se esconder nelas).

Ao longo do caminho passam pessoas a passear os cães, pessoas a fazer jogging, pessoas a passearem-se. São cerca de cinco mil por mês. O que é um desafio. “É preciso haver um equilíbrio e saber qual o número máximo de visitantes que este espaço consegue comportar.”
Há ramos de pinheiros encostados ao passadiço para evitar que os cães – outra das grandes ameaças – saltem para a areia. “O controlo das espécies está mais ou menos definido”. Como sempre, o mais difícil é controlar os danos causados pelo homem.

 

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