Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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Oh não, outra vez os passadiços do Paiva…

Agora que já está no caminho não há grandes conselhos a dar-lhe, excepto este: leve o tempo que for preciso. Respire. Levante o olhar do caminho. Não se esqueça de parar de vez em quando. É um passeio, não uma corrida de obstáculos que é preciso vencer com rapidez. O rio Paiva corre sempre à sua direita, ganhando diferentes rostos e força ao longo do caminho. Às vezes, parece quase uma lagoa plácida, como se tivesse desistido de correr. Outras vezes, abre caminho entre as rochas e deixa-se cair em minúsculas cascatas, como se todo ele assentasse em socalcos.

A forma como o rio se apresenta vai influenciar o modo como o ouve (mais calmo, nas zonas em que é quase um lago, mais barulhento, quando tem que vencer o leito irregular), mas o som da água estará sempre presente. E, se houver vento, o das folhas das árvores a agitarem-se. Há carvalhos, salgueiros, amieiros e, mais feios e mais presentes perto de Espiunca, eucaliptos. Os animais são mais fugidios. O rio tem lontras, mas elas gostam de se manter invisíveis. Pode ver várias borboletas, se for a época certa, ou pode não ver mais do que nós: caganitas de cabra espalhadas pelo piso de madeira, a mostrar que não são só as pessoas que se passeiam por ali.

E, depois, há toda a superfície rochosa, de granito e xisto, que bordeja o passadiço e, às vezes, entra por ele dentro. As rochas, redondas, com arestas, invadindo o seu espaço, cobertas de raízes ou nuas e mostrando os efeitos de milhares de anos de movimento da crosta terrestre, também valem a pena que olhe para elas, lembrando que este é um pequeno paraíso a várias dimensões.

A última, e que não pode ser deixada de fora em pleno Verão, é a das praias fluviais que vai encontrar pelo caminho. Tem três, uma junto a cada acesso e, mais ou menos a meio do percurso, a praia do Vau, o local ideal para descansar e experimentar o Paiva antes de seguir caminho. Ali ao pé, não falta quem se deixe fotografar junto a uma esguia queda de água (não é a cascata das Aguieiras, essa ficou lá para trás, se vem do Areinho) ou quem finja entrar num maravilhoso mundo de aventuras, cruzando a ponte suspensa sobre o rio.

Os passadiços do Paiva hão-de crescer. Os planos da Câmara de Arouca já foram anunciados e passam por pólos museológicos, um bar suspenso e a extensão do percurso. Em 2015, o ano em que abriram, a autarquia acreditava que 2017 seria a data de concretização destes projectos, mas o processo atrasou-se. Margarida Belém, vereadora do Turismo, explica que estão em curso os projectos para novos equipamentos de apoio junto aos acessos e acredita que em 2018 os passadiços que, este ano, estão nomeados na categoria Melhor Atracção Turística Europeia, dos World Travel Awards, vão ter uma novidade capaz de continuar a levar a Arouca ainda mais visitantes. “A nova ponte suspensa, com 480 metros de extensão e 150 de altura, que vai ligar a zona da escadaria à cascata das Aguieiras, vai ser a maior do mundo e tem o projecto pronto. Estamos na fase final do concurso e depois será feita a adjudicação”, diz.

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