Fugas - Vinhos

Conhecer os vinhos e as regiões através das Pousadas

Por José Augusto Moreira

O vinho e os seus territórios como produto turístico de excelência e a promoção dos vinhos portugueses das várias regiões estão no centro de uma série de iniciativas das Pousadas de Portugal.

A gastronomia e os vinhos são a segunda razão apontada pelos turistas para visitam o nosso país e no que à vinha e ao vinho diz respeito nunca é de mais lembrar o enorme potencial ainda por explorar, da paisagem única do Alto Douro à diversidade de regiões e multiplicidade de castas autóctones.

Com cerca de meio milhar de variedades identificadas, a vinha portuguesa é um caso único em todo o mundo, proporcionando vinhos igualmente inigualáveis e um potencial turístico que está ainda muito longe de ser explorado. Olhe-se, por exemplo, para o que se passou no Chile nas últimas décadas, onde o enoturismo foi capaz de multiplicar várias vezes o número de visitantes estrangeiros e conseguiu até mudar a imagem externa do país através do vinho. Isto, claro, para além do crescente peso da produção na economia.

A proposta das Pousadas de Portugal passa por programas de fim-de-semana enogastronómicos, aproveitando a implantação das suas instalações hoteleiras em todas as regiões do país. Assim aconteceu recentemente em Viseu, conjugando o conforto e monumentalidade das instalações da pousada local com a força e riqueza dos mais genuínos vinhos do Dão.

Por feliz coincidência, a iniciativa cruzou-se com mais uma edição da Dão & Douro, uma mostra idealizada por João Tavares de Pina e João Roseira, dois dos mais irreverentes criadores de vinhos das duas regiões e com profícuos resultados em consequência troca de ideias e experiências entre alguns dos mais abertos e dinâmicos produtores.

O palco voltou a ser o Solar do Vinho do Dão, onde profissionais e enófilos puderam apreciar e comentar o resultado da última colheita. Além do privilégio de degustar vinhos que só mais tarde serão engarrafados, constituiu também uma rara oportunidade para perceber o desvelo com que enólogos de referência como Manuel Vieira (Sogrape) ou Álvaro de Castro (Quinta de Saez e Quinta da Pellada) lidam com as suas mais recentes criações e lhes apontam a evolução futura.

Aos participantes na jornada da Pousada de Viseu foi ainda dado conhecer a Quinta da Boavista, onde o produtor e enólogo João Tavares de Pina faz gala em manter um escrupuloso respeito pela identidade dos vinhos do Dão. Vinhos diferentes que vão muito para além da moda comercial dos vinhos com força aromática.

Localizada em Torres de Tavares, Penalva do Castelo, no limite nordeste e numa das zonas mais altas região vitivinícola, e cultivando castas autóctones como a Jaen, Touriga Nacional e a quase extinta Tinta Pinheira, a Quinta da Boavista é dos mais preservados santuários do Dão, de onde saem vinhos com uma forte marca identitária. O vigor e força tanínica impõem longos estágios e é assim que por aqui se faz. Com o rótulo Torre de Tavares, só agora estão a começar a ser engarrafados os vinhos de 2008, estando a chegar ao mercado as colheitas de 2006 e 2007. Provaram-se em conjunto com um extraordinário Reserva 2007, cuja vivacidade e elegância são prova evidente do potencial dos vinhos do Dão.

Além das visitas e de um breve curso de iniciação à prova, a proposta das Pousadas inclui ainda um jantar final onde os vinhos se casam com o melhor da gastronomia regional.

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