Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
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    Manuela "Barriguda" (Fernandes) prepara o pão na sua padaria Adriano Miranda
  • O pão da Padaria Manuela Barriguda
    O pão da Padaria Manuela Barriguda Adriano Miranda
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Em nome do vinho e do pão

Depois deste processo, começa o envelhecimento, em depósitos de inox ou de madeira, dependendo do perfil vinho. No final, há moscatel duriense (Favaios e Favaítos, Colheitas e Reserva) mas este não está só na adega: há também vinhos de mesa (DOC e regional duriense), espumante, vinho do Porto e Late Harvest (na verdade, produzem-se vinhos necessários para acompanhar uma refeição, antes, durante e depois).

As vindimas

Começamos pela adega, mas isso é começar a meio do ciclo de vida do vinho. Depois há o engarrafamento, a distribuição e, claro, o consumo. E antes, o trabalho no campo, que por estes dias está no auge e é também o fim do ciclo. Porque depois tudo recomeça e Olga Carvalho conhece bem essa rotina, trabalha durante o ano inteiro nas vinhas. O mesmo não diz Maria Nazaré Coutinho, que está com o marido e os dois filhos, que vêm "ganhar dinheiro para os livros" (o mais velho está a caminho da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o mais novo está a dois dias de mais um início de ano lectivo, no 9.º ano): faz apenas as vindimas (o resto do ano trabalha em casa) e começou com sete anos. Os cestos, com "60, 70 quilos" não são fáceis de carregar, mas aqui as vindimas nem são "difíceis" a planura é mais benevolente do que os socalcos.

Encontramo-los de manhã, um grupo de vizinhos vindos de Sedielos. Todos os dias vão e vêm: começam nas vinhas às sete da manhã e terminam às quatro da tarde. É o horário normal de vindimas por aqui e até meados de Outubro, pelo menos, sabem que este será o seu dia-a-dia, sem a "alegria de outros tempos", quando as cantorias animavam o trabalho e as viagens.

Na tarde anterior, aproximavam-se as quatro horas e um tractor, que já tinha espaço para passar entre as videiras, avançava a recolher os baldes maiores, que depois são transferidos para contentores numa carrinha e seguem para a adega e esse é o trabalho dos homens. Para as mulheres, de roupas escuras, aventais e chapéus de palha ou pano, idade avançada e vida com as mãos na terra ou tesoura na mão, o dia de vindimas termina a esta hora. Voltam a Sanfins do Douro, onde o fim da cooperativa trocou as voltas a muita gente "a nossa adega foi embora e os compradores dizem que não querem [as uvas]" e fá-las falar na volta dos "tempos antigos".

Com algumas diferenças: por exemplo, "agora os compradores vendem bem o vinho mas aos lavradores dão o que querem, uma bagatela". Aqui, trabalhando para outros, não sabem quanto vão ganhar, mas "confiam nos patrões". Se tudo correr como nos outros anos, revelam, esperam "30, 35 euros por dia".

Quando o dia de vindimas já vai a mais de meio, na Enoteca do Douro (na Quinta da Avessada, Favaios), o dia está a começar para os participantes no programa de vindimas aqui promovido. Quando a visitámos, aguardavamse os convidados do Douro Film Harvest (este ano com um pólo em Favaios e com a adega como um dos patrocinadores) quando saímos chega Júlio Pomar e já há movimento no relvado das traseiras, vista para os vinhedos circundantes e guarda-sóis brancos a aguardar o "aperitivo": um Moscatel de Honra, a primeira etapa do programa que entre Setembro e Outubro anima o espaço da primeira enoteca interactiva da Península Ibérica.

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