Fugas - Vinhos

  • Ricardo Castelo/nFactos
  • Ricardo Castelo/nFactos
  • António Loureiro, Tony Smith  e enólogo Rui Cunha
    António Loureiro, Tony Smith e enólogo Rui Cunha Pedro Granadeiro/nFactos
  • Pedro Granadeiro/nFactos
  • Pedro Granadeiro/nFactos
  • Pedro Granadeiro/nFactos
  • Ricardo Castelo/nFactos
  • Ricardo Castelo/nFactos
  • Ricardo Castelo/nFactos

Continuação: página 2 de 4

O renascer da bela Covela

Das suas múltiplas passagens por Portugal, Lima tinha já interiorizado o desejo de adquirir uma propriedade, um sítio distinto e onde se lançasse na produção de vinhos. Smith tinha-se entretanto mudado, em 2000, para o Brasil como correspondente do The New York Times. Cruzaram-se numa viagem ao Uzebequistão e o conhecimento de Portugal dos vinhos logo se tornou no denominador comum para uma amizade que recrudesceu nos bares de São Paulo, onde ambos viviam. A ideia de produzir vinhos no nosso país passou a ser um projecto encarado em conjunto.

E foi numa conversa de circunstância que Lima manteve com dois empresários de Braga, no bar da piscina do conhecido hotel Fasano, em São Paulo, em 2009, que estes disseram conhecer o local ideal: a Covela, que estava até a ser alvo de leilão judicial. Questionou Smith, que disse apenas conhecer o prestígio e a qualidade dos vinhos, que muito apreciava das suas estadias no Algarve.


BPN não pagou

A visita à quinta fizeram-na com um desvio ao Porto numa deslocação a Istambul. “Uma viagem cheia de peripécias, perguntando pelo caminho, que parecia não mais ter fim”, diz Smith. É isto!, exclamaram depois de breve conversa com o feitor.

Tinha-se realizado já um primeiro leilão, mas nenhum comprador esteve interessado na totalidade da propriedade. No segundo, já nos últimos dias de 2009, foram os únicos a licitar, por 2,7 milhões de euros, um pouco acima da base de licitação. O BPN era o principal credor e, a poucos segundos de fechar o leilão, o seu advogado interrompeu a sessão dizendo que o banco exigia mais dinheiro. Contactou a administração e voltou com uma proposta de compra que quase duplicava o preço.

A quinta foi então adjudicada ao banco, mas o problema é que nunca chegou a pagar o preço. O caso arrastou-se desde então no Tribunal de Baião, com a quinta entregue ao abandono, cortada a energia e o feitor impedido de dela cuidar, enquanto o BPN entrava em convulsão.

O negócio estava já esquecido quando Smith teve notícia de que o banco tinha sido nacionalizado e os gestores estavam a tentar negociar os seus activos. Tinham, entretanto, procurado outros locais, tanto no Douro como no coração do Minho, mas nada que fizesse esquecer a Covela. Estabelecido o contacto com o BPN, o negócio concretizou-se em Julho de 2011 com a celebração da escritura e o pagamento de 3,5 milhões de euros, incluindo a comissão para a leiloeira que o BPN nunca chegou a pagar.

Recuperar vinhas e reforçar a qualidade

Os vinhos da Quinta da Covela atingiram grande notoriedade e prestígio logo desde o início. O projecto foi lançado por Nuno Araújo em finais da década de 1980, com a aquisição da propriedade à família de Manoel de Oliveira, e desde sempre marcado pela qualidade e pioneirismo. Da junção de castas da região e internacionais aos cuidados na enologia e viticultura, potenciados pelas características específicas da quinta, que conjuga a mineralidade granítica do Minho com o xisto e o calor típicos do Douro. Além do reconhecimento dos vinhos, a Covela foi a primeira propriedade a obter certificação biodinâmica no nosso país.

--%>