Fugas - Vinhos

O sistema, para quem bebe vinho de forma ocasional, tem vantagens incontestáveis

O sistema, para quem bebe vinho de forma ocasional, tem vantagens incontestáveis Paulo Pimenta

Bag-in-Box, o fim do preconceito?

Por Rui Falcão

O garrafão tradicional, o garrafão de vidro de cinco litros que por vezes vinha resguardado e embelezado por uma trança exterior de palha, não passa hoje de uma recordação distante do passado.

Acabou excomungado dos hábitos urbanos, entrando em declínio franco, numa morte já há muito profetizada e anunciada. E felizmente que assim é porque como simples vasilhame de conservação o garrafão está muito próximo do desastre. Como forma de comercializar vinho o garrafão sempre se mostrou incompetente para qualquer veleidade de guarda, incompetente para assegurar qualquer possibilidade de evolução positiva no vinho. Como formato de volume, para um consumo abundante e muito rápido no tempo, o garrafão foi importante. Mas o garrafão sempre se mostrou incompatível com a ideia de qualidade, com o conceito de vinho que pretende ser muito mais que uma simples forma de intoxicação.

Porém, os grandes formatos são necessários, o volume tem muitos argumentos a seu favor e apresenta inúmeras vantagens práticas e económicas. As conveniências são fáceis de enumerar e imaginar, nomeadamente quando pensamos nos custos e nos aspectos práticos. Se numa utilização caseira os grandes volumes podem ser simpáticos, é na restauração, sobretudo na proposta prática e racional de vinho a copo, que os grandes formatos podem ser especialmente vantajosos.

Entre as soluções mais adequadas encontra-se o bag-in-box, frequentemente identificado pelas siglas BiB. O formato bag-in-box, ou numa tradução literal para português saco-numa-caixa, sujeita o vinho em bolsas de plástico alimentar maleável, tal como o nome o faz pressupor. Por regra, estas bolsas ou sacos são elaboradas num material flexível chamado PET, sendo depois cobertos por uma folha de alumínio, um filme laminado ou transparente de poliéster flexível ou nylon. O princípio de construção é comparável ao modelo das famosas embalagens Tetra-Pak que utilizamos sobretudo para leite e sumos.

As bolsas atestadas de vinho permanecem invisíveis dentro de uma caixa de cartão mais ou menos quadrada, assumindo volumes padrão que hoje variam entre os dois, três e cinco litros, ou, mais raramente, entre os seis e dez litros. Incluída no conjunto está associada uma torneira de serviço que inclui uma válvula que impede a entrada de ar no saco interior. A torneira permite não só dosear com precisão o volume de vinho a ser servido como serve de barreira à oxidação do vinho no interior da bolsa.

As vantagens para o consumidor são mais que evidentes. Como o vinho é embalado em vácuo e permanece sem qualquer ponto de contacto com o ar o saco vai-se contraindo gradualmente à medida que o vinho vai sendo consumido, minguando de forma progressiva, sempre sem contacto com o oxigénio, inimigo do vinho e principal fonte de alteração das suas qualidades. O vinho mantém-se assim fresco e sem sintomas de oxidação precoce, mantendo alegadamente as mesmas qualidades que tinha no momento do engarrafamento. Os principais fornecedores destas embalagens asseguram que o vinho se mantém num estado de conservação perfeita num prazo que oscila entre um e dois meses depois de a torneira ter sido aberta pela primeira vez, valores inquestionavelmente superiores a qualquer outra embalagem comercial em circulação.

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