É aqui que os gregos mostraram um caminho alternativo, uma abordagem aparentemente estranha e pesada mas inteligente quando desenhada para o médio a longo prazo. Uma abordagem alternativa que assenta na explicação e divulgação rigorosa das suas castas e regiões, mostrando de forma prática e intensa, com o recurso a vinhos de cada casta e de cada região, o que esperar de cada uma delas. Mergulhar o convidado estrangeiro no mundo das castas gregas independentemente de ele ser jornalista, educador, comerciante ou distribuidor, através de exemplos práticos com vinhos reveladores das múltiplas facetas que estas podem adquirir, exemplificar e doutrinar. Preparar o palato para as diferentes identidades gregas, educar sobre nomes, proveniências, aromas, sabores, particularidades. Receber os convidados profissionais do mundo do vinho começando por explicar castas gregas de uma forma eficaz e didáctica antes de os submeter à realidade das provas, antes de os deixar entregues à prova de vinhos.
Foi o que me aconteceu na maioria das várias visitas que já realizei à Grécia. Aprendi a identificar as principais castas do país, a compreender as variações e as subtilezas de cada variedade, a perceber a diversidade regional, a inteirar-me da história de cada casta e denominações. Durante várias horas provei dezenas e dezenas de vinhos numa viagem lúdica pelo património ampelográfico grego, jornadas esclarecedoras sobre o potencial de cada região e variedades. Descobri a lógica de castas como o Assyrtiko, Athiri, Vilana, Moschofilero, Roditis, Lagorthi, Savatiano, Malagousia, Mandiliaria, Aghiorghitiko, Xinomavro, Mavrodaphni e Moscatel. Diferentes tipos de fermentação, estágios com e sem madeira, diferentes solos, diversas regiões são mostradas, discutidas e explicadas quase até à exaustão. Nomes que antes me eram vagamente familiares, porque explorados em experiências avulso, sem sistematização e sem método, passaram num ápice a apresentar-se como velhos conhecidos.
Ganha-se experiência de causa, que ajuda a compreender o que esperar de cada variedade, o que esperar de cada região, definindo balizas e pontos de referência. No fundo, as portas da compreensão de um país são escancaradas para os profissionais que pouco conhecem de um país diferente. Depois de o interesse ter sido despertado, depende apenas da vontade pessoal para prosseguir nesse caminho do conhecimento. Afinal, que melhor forma de introduzir e promover um país vinícola? Uma abordagem alternativa que Portugal faria bem em adoptar e adaptar à realidade nacional.