Fugas - Vinhos

Nelson Garrido

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Alvarinho, uma grande casta

Em nenhuma outra região de Portugal e do mundo o Alvarinho consegue oferecer os mesmos predicados de frescura, longevidade, personalidade, complexidade, subtileza, mineralidade, exotismo de fruta tropical ou austeridade férrea consoante o local onde está plantada. E longevidade é uma das muitas palavras chave desta casta magnífica, sobretudo nos anos mais frescos, que permitem uma evolução mais lenta e equilibrada. Tenho tido a sorte de poder realizar muitas provas verticais de diversos vinhos Alvarinho, isto é, a possibilidade de poder provar o mesmo vinho em diversas colheitas que se estendem ao longo de muitos anos. Mesmo nos vinhos mais antigos, vinhos que em muitos casos já ultrapassaram duas décadas de vida, os resultados têm sido extraordinários pela qualidade, juventude e frescura evidenciados. Nem mesmo as rolhas minúsculas e miseráveis que se usaram durante grande parte da década de noventa e início deste século foram capazes de corromper o espírito e qualidade dos melhores Alvarinho.

Os últimos anos têm sido pródigos em boas novidades, em medidas por parte de alguns produtores que ajudam a despertar o interesse pelos vinhos da região. Entre as boas medidas adoptadas pela quase totalidade dos produtores conta-se a utilização de rolhas sérias e capazes, garante de uma evolução mais serena em garrafa. As garrafas, sobretudo os formatos grandes, têm sido outra das mudanças positivas. Hoje já são vários os produtores a engarrafar os melhores Alvarinho em garrafas magnum e dupla magnum (garrafas de 1,5 e 3 litros), dando assim aval à percepção de longevidade e qualidade de que o Alvarinho goza. Poderá até parecer uma evolução insignificante mas é uma mudança de paradigma extremamente importante. Importante pela imagem transmitida mas sobretudo por mostrar que a região finalmente se apercebeu que o tamanho da garrafa é decisivo para a evolução dos vinhos brancos e que os formatos grandes são a melhor forma de engarrafar vinhos com o potencial de vida dos melhores Alvarinho.

Por ora, a reputação do nome Alvarinho está bem guardada na sub-região de Monção e Melgaço. Será que alguém conseguirá um dia fazer um vinho extreme da casta Alvarinho fora de Monção e Melgaço que se aproxime do modelo qualitativo que a sub-região oferece? 

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