Fugas - Vinhos

Grandes vinhos franceses que já não são assim tão caros

Por José Augusto Moreira

Semana da gastronomia e do vinho francês promovida pela cadeia hoteleira Sofi tel serviu para mostrar que já é possível obter em Portugal vinhos distintos a preços equilibrados.

À grande e à francesa! A afirmação está hoje banalizada mas não deixa de corresponder à ideia de qualidade e requinte que desde sempre associamos à gastronomia e vinhos franceses. O mundo evoluiu, é certo, e o bom gosto está agora bem longe de constituir um exclusivo gaulês, se bem que no que aos vinhos diz respeito a roda parece querer voltar ao caminho francês. Vinhos que não procuram modas ou estilos, mas que antes se identificam pelo território e as características da natureza onde são criados. Ou, como dizem os puristas destas coisas, vinhos tipicamente franceses.

E foi precisamente com o intuito de aproximação dos consumidores a esta realidade que a cadeia hoteleira Sofitel promoveu em Lisboa a Semana do Vinho Francês. No restaurante AdLib e com um Menu de Vindimas, igualmente de inspiração gaulesa e especialmente preparado para o efeito pelo chef Daniel Schaipfer.

A ideia não é nova e há vários anos que é praticada pela cadeia hoteleira nas principais cidades do planeta. Só que Portugal vinha ficando de fora, ao que parece pela dificuldade em encontrar um fornecedor com suficiente variedade de vinhos para o efeito. Uma falha este ano suprida pela Direct Wine, uma distribuidora que se centra nos vinhos franceses e com escolhas orientadas pela procura da relação preço/qualidade.

Para isso é preciso conhecer os vinhos e os produtores franceses e ninguém melhor que Raul Riba D"Ave, que está ligado à empresa e se prepara para ser o próximo Master of Wine português, e que durante essa última semana de Setembro esteve no AdLib para acompanhar e aconselhar nas provas. Além dos menus de harmonizações, também o final da tarde decorreram provas a copo comentadas pelo especialista.

Por convidativos 35 euros eram propostas três opções para entrada, prato principal e sobremesa, acompanhadas pela degustação de vinhos adequados. Entre brancos, tintos e rosés, era proposta uma lista com vinhos de várias regiões: Três da Alsácia e outros tantos do Loire e do Languedoc, quatro da Borgonha e igual número do Ródano e ainda mais oito de Bordéus. Ou seja, um total de vinte e cinco vinhos das mais interessantes regiões de França.

Foi com Raul Riba D"Ave que nos sentamos à mesa, tendo sido provados nove vinhos, que acompanharam um wrap e salmão e sopa de melancia; vieiras laminadas; queneles de peixe com espinafres; coq au vin; e uma degustação de vários queijos

Começando pelo fim, excelente surpresa com o Chardonnay 2011 da casa Chanson, e nem só pelo preço contido. Um entrada de gama, com volume, aroma e grande frescura, que "limpou" os queijos na perfeição e tem tudo para agradar. Na mesma linha, mas de estilo bem diferente, o L"Ostal Cazes Eclipse Branco 2012, muito floral, com peso estrutura e gordura, mas também muito fresco e limpo na boca. Interessante mesmo o confronto entre dois Sauvignon Blanc do Loire, tão próximos e tão diversos. Do mesmo produtor - Hubert Brrochard -, com a mesma casta e a mesma vinificação e até em parcelas próximas, só que uma em cada margem do Loire. Sancerre, na margem esquerda e Pouilly Fumé na direita. Mais amplo e exuberante o primeiro, mais contido e delicado o segundo, ambos de intensa mineralidade, num exemplo vivo do poder doterroir na criação de um vinho.

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