Apesar de contar ainda com apenas dez colheitas, o tinto Chryseia já faz parte da história dos vinhos de mesa do Douro. Não só pelo seu estilo, ao mesmo tempo profundo e elegante e que caracteriza a nova geração de produtores durienses, mas também por ter sido dos primeiros a obter o reconhecimento e adesão da crítica internacional. É certo que a região vai já a caminho dos três séculos de história e de reconhecimento mundial, mas esse é um capítulo que respeita aos vinhos do Porto.
Quanto aos Douro DOC, tudo é bem mais recente e o Chryseia foi mesmo o primeiro vinho tranquilo português a figurar no top 100 da reconhecida revista Wine Spectator. Aconteceu logo com a segunda colheita, de 2001, e a 19.ª posição na lista em resultado de uma extraordinária classificação de 94 pontos.
Pois bem, se logo com as primeiras colheitas o Chryseia despertou a atenção da crítica mais exigente pela sua qualidade, concentração e elegância, é caso para dizer agora que o vinho promete entrar num ciclo de ainda maior prazer e opulência. Isto porque foi por estes dias lançada a colheita de 2011, que refina aquelas qualidades. Um vinho de extraordinária complexidade e mineralidade de aromas, boca muito suave e aveludada e uma riqueza imensa de taninos maduros, suculentos e saborosos. E a questão é saber como estará depois de uns anos de enriquecimento em garrafa.
É certo que cada colheita é um caso e o Chryseia só é engarrafado nos anos que garantam um patamar de qualidade à altura dos seus pergaminhos. Não houve em 2002 e a colheita seguinte (2003) é uma das de melhor memória; e voltou a falhar em 2010, sendo este 2011 agora lançado um vinho que promete superar todos os anteriores. No dizer dos seus criadores: “um vinho para a história dos vinhos do Douro e para saborear por muitos e longos anos”. Uma mera coincidência, já que a maior profundidade e opulência deste 2011 — além das características da colheita, claro está — poderá estar antes ligada ao facto de pela primeira vez este Chryseia ter podido dispor de todas as melhores uvas da Quinta de Roriz.
É sabido que o carácter deste vinho desde sempre tem estado marcado pela singularidade das uvas desta histórica propriedade duriense, mas que só em 2009 foi adquirida pela Prats & Symington, a empresa responsável pelo Chryseia. Daí que seja de prever que daqui em diante tenda a evidenciar-se de forma constante o carácter distintivo das uvas da propriedade. Além de Roriz, o lote, apenas com Touriga Nacional (65%) e Touriga Franca (35%), recorre à produção da Quinta da Perdiz, no vale do rio Torto, e ainda da Quinta de Vila Velha, na margem esquerda do Douro e próxima de Roriz.
A Prats & Symington é o resultado de uma parceria entre Bruno Prats, produtor de Bordéus que foi proprietário do Château Cos d’Estournel, e a família Symington, que é a maior proprietária de vinhas (26 quintas e mais de mil hectares de vinha) no Douro. Uma aliança cujo objectivo passava por potenciar o conhecimento, saber e tradições de duas das maiores regiões de vinho do mundo, reflectindo-o no carácter dos seus vinhos.