Para se perceber a razão da qualidade dos Herdade das Servas tem de se atender às suas vinhas e ao seu estilo de enologia. Neste capítulo, é fácil perceber que a equipa formada por Carlos Serrano Mira (também responsável pela viticultura) e por Tiago Garcia está longe de partilhar as teses de vinhos fáceis e imediatistas. Apostam na depuração do lote e nos estágios longos. Mas para poderem fazê-lo com segurança dispõem de um património de vinhas raro no Alentejo. São ao todo 220 hectares divididos por quatro vinhas (Azinhal , Judia, Clérigo e Servas) onde se encontram plantadas 22 variedades brancas e tintas, desde o habitual Alicante Bouschet até à mais rara Sangiovese. As idades das vinhas estão compreendidas entre os 20 e 60 anos (excepto a Vinha das Servas, plantada há seis anos). É do potencial de cerca de 60 hectares de vinhas velhas, que “em alguns casos não produzem mais do 2500 kg por hectare”, como refere Luís Serrano Mira, que se obtêm os melhores vinhos da herdade.
Não sendo um gigante do sector, a Herdade das Servas é um actor de dimensão. Todos os anos produz, em média, 1,2 milhões de garrafas. Exporta para 20 mercados, mas é em Portugal que continua a sustentar a sua actividade. E sem passar pelas grandes superfícies. Fundada há 14 anos pelos dois irmãos, a companhia alentejana é o capítulo mais recente de uma linhagem de vinhateiros alentejanos. O bisavô materno foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Adega Cooperativa de Borba e o avô paterno lançou uma das empresas pioneiras do vinho das planícies, a Sovibor.
Com este passado e este património, os Serrano Mira dedicam-se sem modismos nem manias a construir um projecto sólido e consistente. Os seus vinhos são o reflexo dessa simplicidade. São belos vinhos.