Fugas - Vinhos

Continuação: página 3 de 3

Uma região na encruzilhada

Hoje, graças ao caminho apontado pela região do Alentejo, fala-se muito da qualidade de várias outras regiões do país, podendo mesmo afirmar-se que se discute muito se será no Alentejo ou no Douro que se produzem os melhores vinhos.

Julgo que o carácter de ambas as regiões é bem diferente e ainda bem. Gostaria de apenas lembrar que, enquanto no Alentejo, como há pouco referi, se engarrafa a totalidade da produção, no Douro apenas se engarrafa como DO (denominação de origem) cerca de 60% da totalidade do vinho produzido – como todos saberão, também estamos presentes na fantástica região do Douro com um projecto ambicioso e julgo que estamos numa das regiões portuguesas com maior potencial, mas que também tem os seus problemas, que terá que resolver, para melhor evidenciar esse seu extraordinário potencial

Neste sector existe uma frase que ilustra bem o que pretendo referir: "Só vêem o vinho que um homem bebe, mas não vêem os tombos que ele dá".

Continuo a acreditar que é no Alentejo que Portugal pode ser mais competitivo e é no Alentejo que os vinhos apresentam uma maior consistência vindima após vindima, e que provavelmente apresenta vinhos com a relação qualidade preço mais favorável. Também creio que é na região do Alentejo que se pode ser mais versátil, pois se, por um lado, é relativamente fácil produzir vinhos maduros com taninos redondos e acessíveis, com ênfase de fruta madura e com extraordinária aptidão para consumo enquanto jovens. Por outro lado, como está amplamente provado e reconhecido, é também possível fazer grandes vinhos com boa aptidão para envelhecer.

Julgo urgente para o Alentejo acreditar e trabalhar no sentido do seu futuro não passar por altas produções a preço barato. Hoje, as produções situam-se à volta dos 45 a 50 hl/hectare. Qual a razão para se aprovarem rendimentos na ordem dos 100 hl/hectare? Para beneficiar quem? A região não é com certeza.

Penso ser assim necessário adaptar a legislação em vigor à realidade do mercado:

- Reduzir os limites de produção, com evidente ganho qualitativo e com o consequente aumento dos preços médios, que iriam inevitavelmente decorrer da diminuição da oferta;

- Redefinição da DO Alentejo, das seis sub-regiões e do vinho regional alentejano;

- Repensar os limites da DO actual adaptando à produção de uvas de qualidade da região.

Atingido a região o seu equilíbrio, e com a ajuda da maturidade das vinhas, estou profundamente convicto que escolhi para trabalhar e viver uma das melhores regiões do Mundo.

--%>