É aqui que entram as novas tendências de consumo mundial. "Há uma verdadeira mudança de atitude entre aquelas pessoas que se interessam pelo vinho", reconhece Carlos Campolargo. Pessoas que querem "vinhos mais secos, menos extraídos". O produtor concorda que "isto está a mudar", mas muda apenas no "círculo mundial mais esclarecido e informado". As pessoas que lêem Matt Krammer ou Jancis Robinson. Um círculo crescente, que procura vinhos diferentes. "Temos de aproveitar esta tendência", diz José Telles, o gestor de uma empresa que na última década registou um crescimento de vendas sempre acima dos dois dígitos, com particular incidência no mercado externo. "As pessoas estão interessadas em vinhos diferentes e eu noto isso em Londres", diz João Pires, que trabalha na capital britânica há nove anos.
Com a batalha dos supermercados cada vez mais difícil pelo crescimento da produção no Novo Mundo e o consequente embaratecimento do vinho, Portugal deve "aproveitar o seu DNA muito próprio e apostar em vinhos de boutique", diz João Pires. Os Alvarinhos, os grandes Touriga da região do Dão ou do Douro ou os singelos Baga da Bairrada continuarão a valer pela diferença, pela curiosidade que suscitam. Para as empresas de gama média, o caminho passa por aí. No mundo globalizado das barricas e das castas internacionais, ser singular é um trunfo. Que Jancis Robinson, Matt Kramer, Dirceu Vianna Júnior, João Pires e muitos dos principais críticos e especialistas internacionais descobriram há muito tempo.