DEZ VINHOS, UMA REGIÃO
Em dez vinhos e menos de uma hora prova-se toda a região de Colares (não todas as colheitas, claro). Cinco brancos e cinco tintos, com preços que variam entre os 25 e os 30 euros, são o que o consumidor pode encontrar no mercado das colheitas mais recentes. Raridades, portanto.
Os brancos
Casal Sta. Maria Malvasia 2011
Notas de frutos secos, mel, algum tostado da madeira, grande austeridade e secura, acidez pungente, toque salgado delicioso. Um vinho extraordinário.
Fundação Oriente 2012
Um belo branco da Fundação Oriente, a entidade que mais tem investido na recuperação das vinhas de chão de areia de Colares. Nesta fase, lembra um fino de Xerês, seco, salgado e vivo, mas não tão vivo e fresco como o Casal Sta. Maria, por
exemplo.
Viúva Gomes 2011
Um grande vinho com um rótulo lindíssimo. Um verdadeiro ícone de Colares. Passou seis meses em barrica de madeira exótica. Possui uma acidez fantástica e
tudo o resto que caracteriza os brancos da região: nervo, toque salgado, mineralidade, corpo enxuto e austero.
Arenae Malvasia 2011
Branco da Adega Regional de Colares cujo vinho base está na origem da quase totalidade dos brancos da região (o que muda de casa para casa é o tipo de estágio que é dado ao vinho). É magnífico, embora não cause tanto impacto como Casal Sta.
Maria ou o Viúva Gomes.
Monte Cascas Malvasia 2011
Um Colares original criado pela empresa Casca Wines a partir de uvas compradas a pequenos produtores. As uvas são prensadas suavemente e sujeitas a um processo de hiperoxigenação controlada. O mosto decanta a frio e fermenta depois totalmente em barricas usadas de carvalho francês, a que se seguem 11 meses de batonnage. O método contraria a tradição local e o vinho também foge um pouco do perfil da região, apesar da sua soberba acidez e textura salgada. Tem mais ou menos o mesmo volume alcoólico dos outros (11,5%), mas é mais gordo e estruturado. Possui potencial para durar muitos anos. Custa 35 euros, mas vale-os bem.
Os tintos
Arenae Ramisco 2006
O vinho base deste Arenae alimenta todos os engarrafadores da região. Feito pelo processo clássico de curtimenta, com desengace de 70% das uvas, fermenta primeiro em cubas de inox e estagia depois em grandes tonéis, numa primeira fase, e em barricas mais pequenas, numa fase posterior. O aroma está pouco efusivo (tem as notas típicas de ginja, resina de cedro e algum iodo) e o que marca a prova ainda é a agressividade dos taninos, a par de uma acidez volátil alta, também típica dos tintos de Colares (dizem que a volátil do Ramisco já nasce com as uvas). Com o tempo, os tintos de Ramisco tendem a refinar e a ganhar um bouquet mais rico, ao mesmo tempo que vão ficando mais elegantes e suaves.
Colares Chitas 2006
Tinto de Ramisco (90%) feito a partir do vinho base da Adega Regional de Colares ao qual o produtor Paulo da Silva junta um pouco de vinho próprio das castas Molar e Parreira Matias. Além de diferenciarem o vinho, estas duas castas amaciam um
pouco os taninos do Ramisco e ajudam a antecipar o seu consumo. Já se pode beber sem fazer cara feia.