Fugas - Vinhos

Nuno Oliveira

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Portugal profundo e o enoturismo

Durante alguns anos, a Herdade do Esporão foi um dos raros produtores nacionais a aperceber-se deste novo fenómeno de turismo de qualidade, oferecendo um serviço profissional e bem desenhado que sensibilizou não só os muitos turistas nacionais que rumaram a Reguengos de Monsaraz como muitos viajantes estrangeiros que nos visitavam.

Há pouco mais de uma década, um grupo mais ou menos alargado de produtores, oriundos sobretudo do Alentejo e Douro, despertaram para esta realidade do enoturismo e para o potencial desta nova forma de fazer turismo.

Embora exista hoje uma oferta suficientemente dispersa por todo o território nacional, a verdade é que Alentejo e Douro continuam a reunir a maior concentração de projectos idealizados e desenhados propositadamente para o enoturismo.

O que não deixa de ser um contra-senso, sabendo que estas duas regiões estão distantes dos dois grandes centros urbanos de Portugal, Lisboa e Porto, não só as duas maiores cidades como porta de entrada para a maioria dos turistas que nos visita. Seria expectável que, pela sua proximidade a estas duas cidades, regiões como o Vinho Verde, Bairrada, Lisboa, Tejo ou Península de Setúbal abraçassem o conceito de forma mais entusiástica e sistemática.

O enoturismo é seguramente um nicho de mercado dentro do grande universo do turismo, tal como o são o golfe, o turismo de aventura ou o turismo religioso. Poucos turistas, mesmo entre os enófilos mais apaixonados, estarão dispostos a gastar uma semana inteira de férias simplesmente para visitar vinhas e adegas.

Por isso, a oferta deverá ser diversificada e terá de ter em conta que a maioria dos visitantes tem um interesse muito relativo sobre o vinho.

Mas apesar de o enoturismo continuar a ser um mercado de nicho algumas regiões internacionais conseguiram atingir um sucesso assinalável com a sua exploração de forma sustentada. De acordo com as estatísticas, a região norte-americana de Napa Valley conseguiu durante o ano de 2012 arrecadar um pouco mais de um milhão de euros somente com a actividade enoturística.

Um valor exorbitante que revela a importância que o enoturismo pode adquirir para os produtores e para a economia local das regiões vinícolas que consigam tirar partido deste nicho de mercado.

 

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