Fugas - Vinhos

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Um nome novo nos vinhos do Douro e Porto

Por Pedro Garcias

O grande impacto mediático dos Porto Vintage 2011 trouxe à ribalta marcas até então desconhecidas. Uma delas dá pelo nome de Vieira de Sousa e tem por trás um empresário do ramo automóvel que só começou a engarrafar depois de ter acumulado um stock de um milhão de litros de vinho do Porto.

Há uma nova marca no Douro que começa a ganhar lastro e notoriedade. Chama-se Vieira de Sousa e tem à sua frente Luísa Borges, uma jovem de 29 anos, prima de Jorge Serôdio Borges (vinhos Pintas e Quinta da Manoella) e Margarida Serôdio Borges (Quinta do Fojo).
Luísa- que pouca relação tem com os primos – chegou ao Douro vinda de Lisboa, onde nasceu e se formou em viticultura e enologia (no Instituto Superior de Agronomia), com o desafio de gerir um fabuloso património familiar.

Durante toda a vida, o pai, António Borges, empresário na área dos rolamentos para automóveis, foi juntando novas propriedades às quintas herdadas e produzindo vinho do Porto para guardar. O seu objectivo era chegar ao milhão de litros de vinho do Porto. Só depois de alcançado esse número é que António Borges decidiu criar a Sociedade Roncão Pequeno Lda para começar a comercializar vinho, delegando a tarefa na filha mais velha (a mais nova estuda gestão e ainda não sentiu o chamamento do Douro).

Em 2008, com apenas 23 anos, Luísa Borges mudou-se sozinha para o imponente solar da família, em Celeirós (Sabrosa). Fez o trabalho final do curso na Quinta de Santo António, da Taylor`s, sob a orientação de António Magalhães, um dos melhores técnicos de viticultura do Douro, e no mesmo ano produziu o seu primeiro Porto, o Vieira de Sousa LBV 2008.

Vieira de Sousa é nome de família e a sua ligação ao negócio do vinho do Porto foi iniciada no século XIX, ainda antes da filoxera, por José Silvério Vieira de Sousa (bisavô de Luísa Borges), na quinta do Fojo Velho, vizinha da Quinta do Fojo e da Quinta da Manoella (vale do Pinhão). Hoje, além do Fojo Velho, a Sociedade Roncão Pequeno possui as quintas da Água Alta, do Bom Dia, Espinhal (todas situadas junto à Quinta do Crasto), Roncão Pequeno (entre a Quinta da Romaneira e propriedades exploradas pela Quinta do Noval) e Fonte (Celeirós).

São cerca de 60 hectares de vinha com diferentes idades, altitudes e exposições. Algumas das quintas estão dotadas com lagares de xisto e de granito, onde são produzidos os melhores vinhos do Porto da casa, mas o grosso da vinificação é feito na nova adega da empresa, situada na zona industrial de Sabrosa.

A entrada da Sociedade Roncão Pequeno no negócio dos vinhos do Douro e Porto foi feita de forma discreta- e assim continua. Mas o potencial é enorme, como se pode atestar pelos primeiros DOC Douro, Porto Tawny, Branco, Vintage e LBV já produzidos, embora o melhor ainda esteja a envelhecer em alguns dos armazéns da família.

Depois de se estrear com o LBV 2008, Luísa Borges fez um Porto Vintage em 2009 só com uvas da Quinta do Roncão Pequeno e voltou a fazer Vintage em 2011 (40 euros), desta vez com uvas da Quinta da Água Alta e de um pequeno talhão da Quinta do Bom dia, situada a uma cota mais elevada, para fornecer ao lote um pouco mais de frescura.E que Vintage!

Em Junho de 2013 foi feita, no Porto, uma apresentação mundial dos extraordinários vintages de 2011 com uma prova cega de 56 marcas. Dos grandes nomes do sector só faltaram o Quinta do Noval Nacional e o Vargellas Vinhas Velhas, os dois vintages mais raros e caros do mercado. Apesar da elevada qualidade geral dos vinhos, que tornava difícil distinguir os muitos bons dos excepcionais, classificámos nove vintages entre o intervalo dos 98 e os 100 pontos (o máximo possível), seguindo o critério utilizado pelos principais provadores mundiais. Um deles foi o Vieira de Sousa, na altura, uma marca que desconhecíamos.

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