Fugas - Vinhos

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Sentir, provar e amar o vinho nos Açores

Por José Augusto Moreira

A festa do vinho conquista um público cada vez mais animado e entusiasta em Ponta Delgada. Às provas e novidades, o Wine Fest junta demonstrações culinárias com o melhor da região.

É uma festa que de ano para ano se impõe no panorama enogastronómico. E não só nos Açores, já que é cada vez maior e mais abrangente a envolvência de produtores de todo o país na mostra de vinhos que pelo sexto ano consecutivo se realiza no complexo Portas do Mar, na baía de Ponta Delgada. Depois da Essência do Vinho (Porto) e do Encontro com o Vinho (Lisboa), não há no país outra feira de vinhos que congregue tanto entusiasmo e participação.

E embora não apareça em português, a designação escolhida para o evento tem-se revelado premonitória: “Vinho nos Açores – sinta, prove e ame”, assim reza o slogan, numa tradução literal do original em inglês (“Wine in Azores – feel, taste & love”), que acaba por descrever o ambiente que durante três dias se vive no recinto que este ano contou com mais de dois mil vinhos em prova.

Em complemento, um punhado de conceituados chefs cozinheiros atraem também um público entusiasta com demonstrações de modernidade culinária, utilizando produtos da rica despensa açoriana.

E para uma mostra que começou por atrair as atenções com vinhos representando as diversas regiões do continente, é hoje bem evidente o salto qualitativo dos vinhos locais, assumindo nesta feira todo o protagonismo com as mais recentes novidades. E não só os extraordinários e únicos licorosos naturais da ilha do Pico, como também um conjunto de brancos com base nos clones locais de Arinto, Verdelho e Terrantez, cada vez mais atraentes e afinados.

Vinhos como o Curral Atlântis ou o Magma, da zona de Biscoitos, na ilha Terceira, cujas últimas colheitas bem evidenciam as características diferenciadoras de frescura, salinidade e mineralidade, mas também um interessante vinho da Graciosa, o Pedras Brancas 2011, com Arinto, Verdelho e Boal, do qual são feitas apenas umas cinco mil garrafas, correspondendo a toda a produção da ilha.

Nos vinhos do Pico, o prodígio da natureza que constitui o Czar, com os seus 18,5% de volume de álcool obtido de forma natural e ao mesmo tempo intenso, doce e com uma acidez fresca extraordinária.

Néctar dos currais, como lhe chama o produtor Fortunato Garcia, já que é produzido a partir da sobrematuração de uvas que nascem das quente lajes vulcânicas e protegidas dos ventos marítimos pelos tradicionais currais.

Na mesma linha o Lagido seco produzido pela Adega Cooperativa do Pico, com 17,5% de volume alcoólico e cuja colheita de 2003 foi apresentada ao público açoriano nesta feira. Tostado, gordo, com acidez extraordinária (6,6 g/l) e secura final quase pungente.

O crescente impacto e afirmação do encontro é também atestado pelo envolvimento dos mais importantes actores da gastronomia local, também ela hoje espelho de modernidade e crescimento, muito por força do trabalho e iniciativas da escola de hotelaria da região.

E foi precisamente da associação entre a Escola de Formação Turística e Hoteleira e o omnipresente Grupo Bensaúde que se realizaram dois jantares com o objectivo de dar a conhecer o estado da arte de valorizar os produtos locais. E o que se viu foi uma demonstração de qualidade e modernidade, que não deixou de surpreender mesmo os mais optimistas.

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