Fugas - Vinhos

  • Nelson Garrido
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A Baga instalou-se de vez na produção de espumantes da Bairrada

Mais de 6,5 milhões de garrafas e a “praga” dos clandestinos

Na Bairrada existem actualmente 32 produtores de espumantes, produzindo uma média de três marcas cada ao que corresponde cerca de uma centena de novos produtos que todos os anos são lançados no mercado. Em termos de consumo, a região representa cerca de 65% das vendas de espumantes. São mais de 6.5 milhões de garrafas, das quais apenas uma pequena parte (1.2 milhões) ostenta o selo de certificação.

Os restantes têm apenas o selo do IVV (Instituto da Vinha e do Vinho) o que os converte num produto legal, mas sem a garantia de qualidade de origem. Na falta de controlo, a responsabilidade é do produtor, mas sem a garantia da análise sensorial e físico-química ou de que é feito com uvas da região.

Um problema que a Comissão Vitivinícola Regional (CVR) diz que se tem vindo a atenuar com o crescente prestígio do espumantes Bairrada, cuja genuinidade só é garantida com o selo de certificação.

Bem mais complicada, no entanto, é “a praga dos clandestinos”, que as autoridades acreditam atingir anualmente à volta de um milhão de garrafas. Um problema que a CVR diz não estar a ser encarado pelas autoridades.

“O IVV empurra para a ASAE e esta argumenta que não pode entrar em casas particulares, mas o que parece é que ninguém quer ver que há aqui também uma actividade económica ilegal à qual todos parecem fechar os olhos”, acentua Pedro Soares.

E o problema para a região nem é tanto o prejuízo económico ou a concorrência desleal, mas antes uma questão de qualidade, que prejudica a imagem do produto. Com o conhecimento centenário instalado na região, muitos começam até por brincadeira ou vaidade a fazer em casa o seu espumante, mas os pedidos de amigos e conhecidos depressa levam a que vire negócio.

O presidente da CVR garante que “há já quem faça 30 ou 40 mil garrafas por ano, que todos sabem de onde vêm e para onde vão e que até se chegam a ver expostas em estantes, mas só as autoridades parecem desconhecer o fenómeno”.

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