Fugas - Vinhos

Carlos Lopes

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Tinta Negra, a revolução do Vinho da Madeira

Estamos felizmente a falar do passado porque o Instituto do Vinho da Madeira, com a segurança, entusiasmo e acutilância que lhe é acertadamente reconhecida, acabou de actualizar a legislação que rege o Vinho da Madeira elevando a Tinta Negra ao mesmo patamar qualitativo e ao mesmo nível hierárquico das restantes castas emblemáticas da Madeira. Uma mudança há muito tempo desejada e que será aproveitada já nas próximas semanas por um par de produtores para libertar os primeiros vinhos que ostentarão com orgulho o nome Tinta Negra.

Poderá parecer pouco mas este é um momento simultaneamente de afirmação e de libertação, sobretudo quando teremos oportunidade de, pela primeira vez na história do Vinho da Madeira, ver o nome Tinta Negra a coroar vinhos Frasqueira, Colheita e os lotes mais antigos dos vinhos com indicação de idade.

E falando em vinhos com indicação de idade será verdadeiramente entusiasmante assistir ao nascimento de uma outra novidade na legislação do Vinho da Madeira, o surgimento de uma nova indicação de idade, os vinhos com mais de cinquenta anos. Uma categoria estonteante mas extremamente difícil de preencher já que obriga à presença de vinhos muito velhos no lote, alguns com seguramente mais de cem anos de idade, requisito que poucas regiões no mundo, para além da Madeira e do Vinho do Porto, poderiam assegurar.

Quem será o primeiro produtor a abalançar-se nesta nova ventura é a pergunta que fica no ar, com a certeza que as edições serão extremamente limitadas e os preços algo salgados tendo em conta a raridade e idade dos vinhos que irão compor os lotes. Assim se vê a força de uma região e seus produtores, na vontade de quebrar barreiras sem ter medo de adaptar a tradição de séculos.

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