Fugas - Vinhos

Manuel Moreira (à esquerda),
Giscard Müller e Sérgio
Antunes, os três sócios
da Wine Service 4 You

Manuel Moreira (à esquerda), Giscard Müller e Sérgio Antunes, os três sócios da Wine Service 4 You JORGE SIMÃO

Perceber de vinhos sem nos tornarmos “enochatos”

Por Alexandra Prado Coelho

Identificar aromas, conhecer a diferença entre as regiões produtoras de vinho, saber abrir uma garrafa, são coisas que se aprendem, em ambiente descontraído, nos workshops da Wine Service 4 You.

Sim, é verdade que num jantar não queremos ser acusados de ser o “enochato” de serviço. Mas, apesar de tudo, gostaríamos de ir um pouco mais longe do que distinguir o vinho branco do tinto, e, vá lá, do rosé. Há muito quem queira pelo menos identificar um aroma, perceber se um vinho é mais mineral do que outro, conseguir acertar o vinho com o prato que vai comer ou apenas descobrir que há várias regiões e muitos vinhos diferentes.

Mas também sabemos que perguntar a um especialista (ou a alguém que se julga especialista) pode ser o princípio de uma conversa interminável que promete arruinar o jantar. A empresa Wine Service 4 You tenta resolver o primeiro problema e evitar o segundo, oferecendo workshops sobre vinho, descontraídos e acessíveis a principiantes de nível zero ou já com alguns conhecimentos. A Fugas participou num, na garrafeira e sala de provas Portugal Wine Room, Rua dos Fanqueiros, na Baixa de Lisboa.

Apesar de ainda no ano passado ter sido distinguido no Concurso Mundial de Bruxelas como “Benchmark Taster” (os provadores com uma consistência de avaliação acima da média), Sérgio Antunes, um dos sócios da Wine Service 4 You (juntamente com Manuel Moreira e Giscard Müller), não intimida. Começa medindo discretamente o nível de conhecimento das pessoas que tem à sua frente para perceber se deve partir do básico “vinho é sumo de uvas fermentado” ou se pode avançar para outras questões.

Depois de ter feito muitos workshops, Sérgio sabe que uma das coisas que os aprendizes querem saber fazer é rodar o copo com alguma agilidade. O formador explica que esse processo, para além de ajudar a abrir os aromas do vinho através da introdução do oxigénio, nos permite perceber se ele tem lágrima (o líquido que fica agarrado às paredes do copo e vai escorrendo). Isso diz-nos se é um vinho com mais ou menos álcool — quanto mais espessa a lágrima mais álcool tem o vinho.

Outro ponto central da formação é a identificação dos aromas. Sérgio traz uma mala com vários frasquinhos, escolhe alguns e pede-nos para dizermos o que julgamos que cada um é. Deixa uma pista: “A uva é muito rica em compostos aromáticos e isto é um jogo de memória. Normalmente, a primeira sensação é a correcta.”

Parece fácil, mas não é. Há aromas que identificamos rapidamente, outros que nos parecem totalmente familiares mas aos quais, estranhamente, não conseguimos dar um nome. “Os aromas ajudam a identificar o terroir”, continua Sérgio. “Os mais frescos e cítricos são de climas mais frios”. A primeira ronda de aromas é mais fácil: abacaxi, pêssego, laranja, limão (vão variando conforme os workshops). Na segunda ronda surgem aromas mais complexos: fruta madura, pimenta, amêndoa amarga. “É mais difícil com os tintos porque o leque de aromas é muito maior”, anima-nos Sérgio depois das primeiras respostas erradas.

Ligar aroma e memória

O formador aconselha-nos a procurar primeiro os grandes grupos. São frutos vermelhos? Então depois, num segundo momento, podemos discutir se é framboesa ou amora. “Se se identifica um aroma de pimentos vermelhos, é provável que seja Cabernet Sauvignon, a amêndoa amarga aparece nos Porto velhos ou nos Moscatéis ou nos Madeira antigos, a menta pode significar que as uvas foram apanhadas verdes.”

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