O Loureiro tem muito mais para oferecer que a verbosidade aromática inicial, tem muito mais para dizer que a alegria entusiástica dos primeiros meses. Provando os vinhos mais velhos não é difícil perceber que estamos perante variedade muito séria, uma casta superior, uma das estrelas de Portugal, uma das vantagens portuguesas na afirmação de um estilo próprio. Como sempre há que saber trabalhá-la, ter empenho e ser rigoroso. E curiosamente, mas não inesperadamente, a casta adapta-se igualmente muito bem à produção de vinhos ligeiramente doces, com algum açúcar residual… ou a vinhos marcadamente doces, do estilo passito ou de colheita tardia.
Uma das vantagens do Loureiro é a facilidade de adaptação a diferentes estilos, aceitando com comodidade ser fermentada e estagiada em inox ou madeira, condição pouco comum no território do Vinho Verde.
A casta assume sem pudor a conotação minhota embora a sua paternidade seja reclamada conjuntamente por Portugal e a Galiza. Porém, e embora o Loureiro se encontre disperso pelos dois lados da fronteira, é em Portugal que assume o papel de estrela principal com alguma regularidade, sendo relegada para uma posição menos nobre do outro lado da fronteira, onde dificilmente ganha o estatuto de casta única.
Numa posição algo poética poderíamos afirmar que poucas castas têm um nome tão adequado como o Loureiro, já que a flor e folha do Loureiro é um dos seus principais descritores aromáticos. Caracteriza-se ainda por uma faceta floral particularmente expressiva e cristalina com incidência particular na flor de laranjeira, acácia e, embora nem sempre presente, pela folha de tília. Os vinhos de Loureiro apresentam distintas notas de maçã e pêssego, num estilo que curiosamente recorda as notas aromáticas de uma das castas brancas mais famosas e valorizadas do mundo, a Riesling.
Num passado ainda muito recente o Loureiro encontrava-se quase invariavelmente associado às castas Trajadura e/ou Pedernã, nome local para a variedade mais conhecida como Arinto, embora por vezes surgisse na companhia do Alvarinho. Hoje emerge como casta com direito próprio, com a benesse de estar sozinha na garrafa, sinal da sua qualidade inequívoca, sintoma de maioridade de uma variedade tão perfeita que não precisa da companhia de outras para dar fundamento a vinhos extraordinários.
Quem será o primeiro a interessar-se pelo Loureiro fora da região do Vinho Verde? E ainda mais difícil, quem será o primeiro a compor um vinho memorável desta casta fora da região do Vinho Verde… ou fora da sub-região do vale do Lima?
Cinco bons exemplos de uma boa casta
Quinta do Ameal 2013
Os vinhos da Quinta de Ameal são frescos, jovens, alegres e prazenteiros, exuberantes e entusiásticos, quase inebriantes na juventude floral da casta, na expressão feliz de uma parcela muito especial do território nacional. Os vinhos retratam de forma perfeita o Vinho Verde com um perfil acentuadamente mineral mantendo uma enorme consistência qualitativa ao longo dos anos. Desenganem-se quem os tomarem por vinhos brancos de consumo imediato, vinhos de caducidade rápida e senilidade mais ou menos precoce. Pelo contrário são vinhos que envelhecem com nobreza e dignidade extrema, ganhando com pelo menos um a dois anos de garrafa, vinhos com uma invejável e inesperada aptidão para o envelhecimento. Vinhos que aliam frescura com fruta citrina, aromas de erva seca e uma faceta mais floral que o convertem num branco supinamente atraente. A boca é fina, elegante, precisa na objectividade e no acerto.
Preço: 6.95