Fugas - Vinhos

Nelson Garrido

Alvarinho de Monção e Lisboa vai a Lisboa mostrar que chega “onde os outros não chegam”

Por Alexandra Prado Coelho

Há festa do Alvarinho em Lisboa, no Parque das Nações, de 24 a 26 de Julho.

Qual o potencial de um Alvarinho para ser um vinho de guarda? É muito, dizem os produtores da tradicional região do Alvarinho, os concelhos de Monção e Melgaço, no Minho. É muito, concorda o crítico de vinhos Fernando Melo, que durante a apresentação em Lisboa do Wine Fest Alvarinho Monção de Melgaço fez uma prova comentada de “Alvarinhos evoluídos” para mostrar isso mesmo.

No próximo fim-de-semana, de 24 a 26, mais de 30 produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço descem até Lisboa (acompanhados por produtores de fumeiro, de queijo e de doces, alguns dos quais à base daquela casta) para um festival organizado em parceria com a Cofina Media. Sob a pala do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, haverá provas de vinhos, de gastronomia, demonstrações de cozinha, harmonizações e música.

“É altura de sair do território e trazer esta promoção para outros pontos do país”, disse Manoel Batista, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, durante a apresentação à imprensa, em que também esteve presente Augusto Domingues, presidente da Câmara Municipal de Monção. “É importante trazê-la a Lisboa, que tem neste momento um mercado internacional. E trazer não só o vinho mas também o território.”

Esta acção surge num momento especial para os produtores de Monção e Melgaço, depois de a sub-região ter perdido a exclusividade da menção da casta Alvarinho, que, depois de um período de transição, passará a poder ser utilizada por toda a região dos Vinhos Verdes. Por isso, Monção e Melgaço começam a apostar num posicionamento diferente. Se os Vinhos Verdes são em geral associados a um vinho mais jovem, leve e pouco complexo, os Alvarinhos de Monção e Melgaço querem ser reconhecidos como vinhos mais sofisticados e com o tal potencial de envelhecimento que os outros não atingem.

A prova conduzida por Fernando Melo começou com uma minivertical de Alvarinhos da Quinta de Alderiz (Monção). “Vamos ver o que se pode esperar no processo de evolução desta casta”, explicou o crítico, pedindo para que fossem servidos vinhos de 2008, 2005 e 2002. “Não faz sentido ter o preconceito de que os brancos não são vinhos que possam evoluir, que têm que se beber mais depressa, que oxidam mais.”

O vinho mais novo da prova tinha já sete anos mas, notou Fernando Melo, “na cor não notamos oxidação notável” (frisou, contudo, que é um erro avaliar a cor porque ela não nos dá informação relevante sobre o estado do vinho) e o sabor é ainda marcado por “fruta de caroço, nêspera verde”. No de 2005, “sente-se já um edifício maior”. Trata-se, defendeu, “de um vinho que, com dez anos, está quase no ponto óptimo”.

Provou-se, por fim, o de 2002 que, segundo o crítico, “tem uma persistência maior na boca e uma secura mineral muito forte, que podia indicar uma secura de morte, mas é antes de complexidade, porque o vinho volta a abrir e a conversar connosco”. Se, para comparar, regressarmos ao de 2008, “parece-nos uma fruta mais brincalhona, com maior concentração de fruta primária”, enquanto os outros dois têm “mais estrutura e menos exuberância”.

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