Fugas - Vinhos

NELSON GARRIDO

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O Natal e os vinhos fortificados

O final da refeição, com ou após a sobremesa, é o terreno de eleição para este estilo de vinhos. É aqui que entram os grandes Moscatel de Setúbal, os vinhos da Madeira das castas mais doces, Boal e Malvasia, ou os vinhos do Porto brancos doces, tawnies ou ruby. Vinhos fortificados que por inerência se traduzem em volumes alcoólicos mais elevados, algures entre os 18º e os 20º, graduações que obrigam a que estes vinhos tenham de ser refrescados no frigorífico para poderem ser apreciados na plenitude. Por isso, não considere que refrescar vinhos fortificados, mesmo que tintos, seja uma heresia. É antes uma necessidade absoluta para a sua fruição.

Este Natal poderá até equilibrar e compensar os custos com o vinho apostando numa gama relativamente mais modesta nos vinhos tranquilos, brancos, rosados e tintos, para poder ter mais folga na compra destes vinhos de final de refeição. A verdade é que nunca irá perceber o fascínio exercido pelos vinhos do Porto, Madeira ou Moscatel se se confinar a beber os vinhos mais simples, baratos e acessíveis que se encontram à venda nas prateleiras das grandes superfícies.

O investimento nem terá de ser insuportável ou incomportável, pois um pequeno esforço adicional é mais que suficiente para ter acesso a vinhos de enorme qualidade e personalidade. Se gostar de vinhos mais pujantes, então os Porto LBV, carregados de fruta e de corpo cheio, são uma das apostas mais intuitivas. Mas se preferir conceitos como complexidade ou subtileza, então deverá deixar-se arrastar para o mundo dos Porto tawnies ou dos Moscatel de Setúbal.

A forma mais expedita de atacar o mundo do vinho do Porto no Natal é apostar nos tawny com indicação de idade, sobretudo os que se encontram nas categorias dez e vinte anos, os mais fáceis de encontrar e aqueles onde a relação qualidade/preço é mais recomendável. Nos Moscatel de Setúbal, basta procurar vinhos Moscatel com indicação de colheita, vinhos de um ano que por vezes são temperados com Armagnac em vez da tradicional aguardente neutra. Se se sentir confiante, e se puder contar com um orçamento um pouco mais folgado, procure então pelos Moscatel Roxo de Setúbal, com a certeza de vir a ser recompensado com um vinho ainda mais aromático.

Se pretender vinhos repletos de personalidade, frescura, viço e profundidade, então opte por um Madeira Colheita ou um Madeira com indicação de idade, dez ou quinze anos, preferencialmente das castas Boal ou Malvasia, as duas mais doces e mais fáceis de compreender. Seja qual for o estilo, dê uma oportunidade aos vinhos que colocaram e continuam a colocar Portugal no mapa vínico mundial. Não lhe parece bizarro que os vinhos mais famosos de Portugal continuem a ser desconhecidos em Portugal?

 

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