Fugas - Vinhos

  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR
  • DR

Continuação: página 3 de 3

Whisky e música: uma experiência vintage

Chegaria o Single Vintage 2001 — e Sunrise, dos Pulp, igualmente de 2001 (a correspondência entre o ano do whisky e o da música faz parte do conceito) —, viria depois a estrela da companhia, esse Extraordinary Single Cask 1969, o quarto lançamento da série, que a Glenrothes comercializará em Fevereiro de 2016. Mola no nariz, pipeta na mão, Hollies a rodar no gira-discos, provamos esta descoberta feliz — foi descoberta recente na destilaria e ignorava-se a qualidade do whisky que continha o reservatório onde estava guardado (ignora-se igualmente, pela distância temporal, o carvalho em foi envelhecido, mas Ronnie Cox arrisca, confessa à Fugas, que se trata de carvalho americano). Whisky e música. Glenrothes e Abbey Road. Relação prazerosa. Pessoas em convívio, unidas pelo som e pelos vintages nos copos.

É já quando a sessão se encaminha para o final que o descobrimos. Richard Hale começou a trabalhar em Abbey Road em 1958, depois de um período de aprendizagem na BBC. Conhece perfeitamente a mesa de mistura instalada à entrada do estúdio — foi nela que gravou os Beatles ou os Pink Floyd. Foi num dos corredores deste edifício que, certo dia, lhe disseram para esquecer o fim-de-semana. Teria que o passar a gravar uma cantora.

Viu um Rolls-Royce aproximar-se, viu a mulher que dele saiu. Pareceu-lhe familiar no seu chapéu e fato elegante. “Jacqueline Kennedy?”, pensou para si mesmo, espantado. Não era Jacqueline Kennedy. Era Maria Callas. Durante as horas seguintes, quase sem trocarem palavras, Hale, que define a sua função como “trabalho técnico num mundo musical”, ouviu a diva e registou a sua magnífica voz. À despedida, palavras finalmente, isto além das ouvidas anteriormente, quando Callas requisitara a Hale o seu saber técnico com a máquina de café. Agradeceu e elogiou o trabalho que fizera.

Richard Hale conta a história e, acto contínuo, encaminha-nos para o refeitório dos estúdios. Quer mostrar-nos algo. Lá está, na parede, a foto de Maria Callas, chapéu à Jacqueline Kennedy sobre a cabeça. Fixamos a imagem e ficamos também a saber que podemos ouvir a música: Maria Callas: Verdi Arias, editado em 1958, é o disco que resultou do encontro de Hale com a mítica soprano. Que whisky será o indicado para a ouvir?

 

 

 

 

--%>