E a demonstração foi dada à mesa. Com as entradas, o Solitar Riesling Trocken (seco) 2014, a mostrar o lado de fruta fresca, salinidade e até algo de umami da casta. O doce Spätlese (colheita tardia) 2007, para o foie gras e pêra cozida em vinho tinto, com uma acidez virtuosa e quase efervescente resultante da vindima no início de Novembro.
De volta aos secos, o Devon GG 2012 para o filete de robalo. A designação GG (Grosses Gewächs) é atribuída aos vinhos de topo (equivalente ao Grand Cru francês), sendo a colheita feita no grau de maturação ideal, nem verde nem sobrematurado, extraído com prensagem leve e estágio de um ano com borras. O mesmo processo com o GG 2010 que acompanhou o lombinho de vitela com massa folhada e cogumelos e mostarda. Impressiona pela harmonia e equilíbrio, presença de fruta uma imponente acidez (9,5). Saboroso e digestivo.
Para a sobremesa, com pastel de nata, gelado de noz, canela e hortelã, o Auslese 2006, um doce, gordo, volumoso e de cor muito concentrada, que resulta de uma criteriosa selecção dos bagos mais maduros e perfeitos. Apesar da idade, jovem e frutado como deverá manter-se ainda por muitos anos. Quase não evolui.
Em vinhedos onde sobrevivem parcelas em pé-franco que ficaram imunes à filoxera, a diferença faz-se pelas longas fermentações e a invulgar qualidade e concentração da fruta, a par da frescura. Um clima único, com dias ensolarados ainda no Outono, e terrenos com invulgar inclinação, permitindo que os vinhedos aproveitem todos os raios de sol. Os solos de xisto, que retêm o calor, e o grande declive também não permitem grande retenção, obrigando as raízes a penetrarem longamente à procura de sustento. Daí a forte mineralidade e reduzidas produções a proporcionar vinhos frescos, concentrados e únicos.
Uma diferença que vale mesmo a pena provar. E que nem seja pelo peço, já que estão por aí à venda por valores entre os 12 e 50 euros, ou seja, dentro de padrões que correspondem às melhores colheitas das regiões nacionais.