A Áustria pode não ter o prestígio da França, da Itália ou da Espanha, mas é um dos países do vinho mais fascinantes da actualidade, graças, sobretudo, aos seus brancos de Grüner Veltliner e de Riesling. Também é possível encontrar belos tintos, cheios de frescura e profundidade, feitos com castas locais, como a Zweigelt, a St. Laurent e a adaptada Blaufränkisch, ou a partir de variedades francesas já há muito implantadas no país, como a Syrah, o Cabernet Sauvignon e o Pinot Noir. No entanto, são os brancos, secos e doces, que nos levam ao céu.
Os brancos doces mais famosos são os da região de Neusiedlersee, onde se situa o lago Neusiedle, a praia da Áustria, com os seus 36 quilómetros de comprimento e, em alguns pontos, 12 quilómetros de largura. As uvas são facilmente infectadas pelo fungo Botrytis Cinerea, que origina a chamada podridão nobre, devido à conjugação da humidade gerada pelo Neusiedle com os ventos quentes e secos provenientes da grande planície da Panónia.
Alguns dos vinhos doces desta região batem-se com os grandes Sauternes (França) e os melhores Tokay (Hungria), que se produzem no outro lado do lago. Aliás, o estado federado de Burgenland, a que pertence Neusiedlersee, fez parte da Hungria até 1921. Passou para a Áustria neste ano, mas com a Segunda Guerra Mundial foi ocupado pelas tropas soviéticas, só voltando ao domínio austríaco em 1956.
Na região vizinha de Kamptal também se produzem fantásticos Trockenbeerenauslese, a principal categoria de vinhos doces. Um dos produtores mais renomados é a casa Bründlmayer. O seu Trokenbeerenauslese da vinha Steinmassel de 2009 (uma das melhores colheitas de sempre na Áustria), feito de Riesling e com apenas 6% de álcool, é um dos grandes vinhos deste século. Bebe-se uma vez e nunca mais se esquece.
Mas não é pelos vinhos doces que Kamptal é mais conhecida. O que faz a sua fama são os brancos secos de Riesling e de Grüner Veltliner. A região desenvolve-se em torno do rio Kamp e da pequena e bonita cidade de Langenlois, a capital do Grüner Veltliner. Langenlois está rodeada de vinhas, mas as melhores parcelas situam-se nas zonas mais altas, em encostas bem expostas e com solos específicos. A mais famosa e cobiçada é a encosta de Eilingenstein (“Pedra Sagrada”), de solo granítico, que produz os melhores Riesling da região. Ao lado, encontra-se a também exclusiva Gaisberg (“A montanha das cabras”), de onde vêm os melhores Grüner Veltliner da Áustria, vinhos muito apimentados e minerais com origem em solos finos e amarelados de loess, sedimentos formados pela erosão dos ventos.
É em Langenlois que fica Fred Loimer, um produtor biodinâmico cujos vinhos são distribuídos em Portugal pela Direct Wine. Numa apresentação recente no Porto, foram dadas a conhecer três das suas referências, todas de Grüner Veltliner.
Fred Loimer herdou a empresa do pai em 1997 e no ano seguinte comprou uma adega subterrânea de um antigo castelo onde passou a vinificar e a estagiar os vinhos. Em 2006, aderiu à viticultura biodinâmica e, desde então, os seus vinhos têm vindo a obter grande reconhecimento junto da crítica e também dos consumidores.