Fugas - Vinhos

  • O Monvínic, aquele que, de acordo com revistas do sector, é o melhor wine-bar restaurante de Barcelona, recebeu uma prova de vinhos portugueses

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Um fim-de-semana de glória para o vinho português em Barcelona

Quinta das Bágeiras (o mais conhecido de todos, com os seus fantásticos brancos e tintos da Bairrada);

Tiago Teles (um homem da escrita de vinhos que está a fazer tintos diferentes na Bairrada a partir de uvas compradas a Carlos Campolargo);

Os Goliardos (um projecto de Nadir Bensmail, Sílvia Mourão Bastos e Manuel Beja que tem ajudado a descobrir e a promover bons e originais vinhos nacionais e estrangeiros); 

António Madeira (um jovem engenheiro de logística a viver em Paris que tem vindo a recuperar vinhas muito velhas no sopé da serra da Estrela e a fazer vinhos do Dão admiráveis e de grande carácter);

Terras de Tavares (vinhos do Dão clássicos e distintos com a chancela rebelde de Tavares de Pina);

Casa de Mouraz (um dos mais sólidos projectos de vinhos biológicos do Dão e do país);

Quinta do Infantado (o primeiro produtor a engarrafar vinho do Porto a partir do Douro);

e Gouvyas (o renascido projecto duriense de Luís Soares Duarte e João Roseira).

A feira abriu ao meio-dia, hora pouco recomendável para um português, e em pouco tempo começaram a chegar sommeliers, candidatos a sommeliers, produtores, importadores, famílias com crianças, curiosos e estrangeiros de passagem por Barcelona.

E o que parecia um armazém grande ficou pequeno de mais, cheio de gente admirada com a qualidade dos vinhos portugueses, sem vontade de sair, alimentada a sushi, tacos vegetarianos, sanduíches de carne e estufado de grão-de-bico, feitos na hora por chefs locais, do prodigioso Rafa Peña, proprietário do restaurante Gresca (onde haveríamos, dois dias depois, de comer um inesquecível risotto de pimentos vermelhos e gorgonzola), aos virtuosos Atsushi Takata, Dani Rossi e Chiara Bombardi e os irmãos Sierra, do restaurante Granja Elena.

Quando as pernas já começavam a doer, de tantas horas em pé, chegou a música, jazz do melhor pelo Trakas trío. Às tantas já não se sabia bem o que aquilo era, se uma feira de vinhos, se um concerto ou outra coisa qualquer, ainda mais quando o que vinha a seguir era um jantar de porco assado, servido por Rafa Peña e aberto a gente de fora.

A feira poderia ter terminado ali que já seria um enorme sucesso. Mas ainda houve um segundo dia, menos movimentado, embora tenha voltado a juntar mais algumas centenas de pessoas, que acabaram no final embaladas pelos sons groove do uruguaio Alvaro Pérez e pela leveza e destreza da equilibrista Juana Beltrán.

Nenhum produtor sonhara com tanto entusiasmo e elogio e muito menos com tanta manifestação de compra. Se tivessem levado vinho para venda, os produtores portugueses teriam feito um belo negócio. Não facturaram, mas deixaram nome e um enorme desejo em muitos visitantes de viajar a Portugal para conhecer o país e os seus vinhos. “Além de bonito, é um país muito barato. Come-se e bebe-se muito bem por pouco dinheiro”, garantia a um casal o proprietário de uma das poucas distribuidoras catalãs que importa vinhos portugueses.

Mais tarde, Malena Fabrega resumiu tudo: “Viestes com um punhado de garrafas pelas dúvidas e quase não podíamos fazer o segundo dia por falta de vinho”, exultava, num agradecimento aos produtores, garantindo que “há um antes e um depois de Simplesmente Vinho BCN no coração dos amantes do vinho da cidade”.

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