Para além das provas especiais, há, como no ano passado, um espaço para encontros informais – o Tomar um Copo. “O número de sessões do Tomar um Copo triplicou”, refere Simone Duarte. “É uma forma de envolver mais regiões diferentes e permite o contacto com os críticos e os vinhos de forma mais descontraída do que as provas formais. Ali pode-se falar não só do vinho mas da região, do enoturismo, ao mesmo tempo que se provam sempre dois vinhos.”
É a relação que a Universidade tem com o Brasil que explica a vontade de nos associarmos a este evento."
É neste espaço do Tomar um Copo que vai estar presente a Universidade de Coimbra. “É a relação que a Universidade tem com o Brasil que explica a vontade de nos associarmos a este evento”, diz a vice-reitora Clara Almeida Santos. “Vamos associar a gastronomia à cultura portuguesa, neste caso através de Eça de Queirós e com a ajuda de Carlos Reis, um grande especialista mundial neste autor, e de Adriana Calcanhotto, embaixadora da Universidade de Coimbra no Brasil e, como ela diz, "por todo o mundo.”
A ideia é “dar a volta ao país, nas suas várias regiões vitivinícolas, associando a cada uma a prosa queirosiana”. Clara Almeida Santos lembra que “em todos os romances de Eça há sempre alguém que passou por Coimbra; logo em Os Maias temos o Carlos da Maia e o João da Ega que estiveram em Coimbra.” Além, claro, do próprio Eça, “apesar de ele ser muito crítico da Universidade, que no século XIX era ainda muito fradesca”. Hoje estão em Coimbra muitos alunos vindos do Brasil (são cerca de 2000), grande parte deles no curso de Direito. E, sobretudo, há imensos turistas que vêm conhecer a Universidade histórica. Daí que, segundo a vice-reitora, faça sentido esta associar-se ao Vinhos de Portugal no Rio. “Vamos partir do vinho para chegarmos a Coimbra”, afirma.
E, do ponto de vista dos produtores, continua a fazer sentido apostar no Brasil numa altura em que o país está mergulhado numa crise? Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, não tem dúvidas que sim por todas as razões que já existiam no passado e ainda mais uma: “Portugal é uma marca forte no Brasil e neste momento é provável que as marcas com presenças menos acentuadas se retraiam. Países como a Espanha ou Itália podem estar a desinvestir porque não é um mercado tão relevante para eles como é para nós. Por isso é uma oportunidade para ganharmos quota de mercado. E, mesmo que isso não viesse a acontecer, faria sentido o investimento para atenuar eventuais perdas.”
Por enquanto, o que as estatísticas e as informações recolhidas junto dos importadores no Brasil mostram é que “não houve uma redução do consumo de vinho mas houve uma alteração dos critérios de preço”. Ou seja, os brasileiros perderam algum poder de compra e estão a optar por vinhos mais baratos. Tendo isso em conta, Jorge Monteiro diz que se estivesse no lugar do produtor “colocaria o foco de promoção numa gama ajustada à realidade que se está a viver no Brasil, com menor oferta de vinhos topo de gama e mais de gama média-alta ou média.”