Jean-Sébastien não resistiu e decidiu recriar a bebida para perceber como se bebia gin há 500 anos. Até porque a receita tinha para ele uma coisa que era fundamental: o destilado base era feito com uvas, exactamente aquilo que ele quer fazer com o seu G’Vine (ver texto principal).
Depois de vários testes e correcções — a receita original era vaga sobretudo em quantidades e levantava alguns problemas de tradução — surgiu o Gin 1495. A caixa, com uma edição muito limitada, inclui o Verbatim, o original numa garrafa opaca cor de terra acinzentada, e uma versão recriada, o Interpretatio, na qual o nível de especiarias usado é inferior e o lado cítrico é acentuado, para a aproximar do gosto dos consumidores de hoje mantendo, contudo, muita da personalidade original.
“Há 12 noz-moscada neste líquido”, avisa Jean-Sébastian ao abrir uma garrafa de Verbatim. Provamos e, para além do elevado nível de álcool (não sabemos qual seria no século XV porque não se faziam medições), o que domina totalmente a boca é uma explosão de especiarias — uma confirmação, se tal fosse necessário, da importância que estas tinham em plena época dos Descobrimentos.
O Gin 1495 não é um projecto comercial, tendo sido feitas apenas 100 caixas. Pretende sobretudo ancorar os outros produtos da Maison Villevert, de Robicquet, numa relação com o passado que, espera o produtor, faça deles mais do que simples bebidas espirituosas.
É a ideia de renascimento, de criar o futuro a partir do passado, que move Jean-Sébastien Robicquet. Por isso, o Gin 1495 está apenas disponível para leilões em casas especializadas e museus de gin. Em Portugal há um exemplar da caixa, unicamente para exposição, na Gin Lovers do Príncipe Real, em Lisboa.
A Fugas viajou a convite da Maison Villevert