Fugas - Vinhos

PAULO PIMENTA

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Muralhas de Monção

Fruto de uma gestão cuidadosa e da excelência dos vinhos, a saúde financeira da adega é hoje muito recomendável. Fundada em 1958, recebeu as primeiras uvas em 1961. As instalações são modelares sem serem especialmente luxuosas ou modernas. Fernando Moura, o enólogo responsável por dois dos vinhos mais interessantes de Portugal, raramente aparece a dar a cara por preferir que sejam os vinhos a falar sozinhos e por ser senhor de uma personalidade especialmente discreta. A verdade é que das suas mãos sai o Muralhas de Monção, um dos vinhos brancos mais extraordinários de Portugal. Só mesmo uma atitude de algum snobismo ou de um elitismo rebuscado por parte de alguns enófilos poderá afastar o Muralhas da lista dos grandes brancos de Portugal.

Podemos mesmo afirmar que seria impossível falar de vinhos brancos e de Verão sem incluir o Muralhas de Monção, o vinho mais conhecido da Adega Cooperativa de Monção e que já nos acompanha há três décadas. Acessível no preço e disponível em todo o país, desde supermercados a garrafeiras, presente em cartas de vinhos de todo o tipo de restaurantes, produzido em quantidades muito razoáveis, o Muralhas está presente de Norte a Sul apresentando-se como refúgio seguro tanto em casa como na restauração. Mas acima de tudo, e tantas vezes esquecido, o Muralhas continua a ser um belíssimo vinho branco, fácil e fresco, muito discretamente frisante mas sem nenhum dos excessos que por vezes povoam a região. A combinação entre a eloquência, tropicalidade e leve amargor do Alvarinho surge bem compensada pela discrição, suavidade e doçura aprazível da Trajadura, potenciando a facilidade e agradabilidade do lote. É indiscutivelmente um dos grandes representantes dos brancos do Minho, uma das melhores relações qualidade/preço presentes no mercado confirmando-se quase como sinónimo de vinho para o Verão.

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