Se a Europa comunitária seria sempre o destino mais imediato, não foi preciso muito para perceber vontade de expandir horizontes para fora do continente, recuperando relações históricas ou investindo em mercados considerados estratégicos para o vinho português. Por isso se percebeu um maior acompanhamento de países tão decisivos como os Estados Unidos da América, Brasil, Angola, China ou Canadá. Infelizmente, os resultados raramente têm sido brilhantes e poucos são os produtores ou regiões que têm conseguido saltar do anonimato para o coração dos consumidores destes países.
Por muito que isso doa aos mais apegados aos valores do patriotismo, não é nada fácil vender vinho de um país que oferece uma imagem tão fraca e apagada como Portugal. Um país que raramente surge nas notícias e que quando surge raramente é pelas boas razões. Por isso também, nestes países considerados estratégicos, e onde o consumo de vinho continua a aumentar de forma consistente, os vinhos portugueses têm sido remetidos para o fundo das garrafeiras ou para as prateleiras mais baixas e menos acessíveis dos supermercados.
Não é fácil definir uma estratégia para os vinhos portugueses, mas é fácil determinar que o argumento do preço que tem sido tão valorizado e promovido por algumas regiões e por alguns produtores nacionais está condenado ao insucesso. Promover Portugal e os vinhos portugueses, apresentando-os como excelentes relações qualidade/preço ou como vinhos baratos, é a forma mais segura de não ganhar prestígio, simpatia ou reconhecimento.
O factor preço barato não cria qualquer sentimento de fidelização com o consumidor ou o ponto de venda, não acrescenta valor, não gera satisfação, não promove emoção, memória ou simpatia. Quando se usa o argumento do preço barato não se promove nada mais para além de um preço que outros países, regiões ou produtores poderão sempre baixar. Pior ainda quando sabemos que os custos de produção em Portugal serão sempre superiores a outros países que jogam nesse campeonato como o Chile ou a Argentina. Talvez fosse tempo de terminarmos a promoção baseada nos preços baixos para começar a vender emoção, alternativa, originalidade e demais formas de nos fazer notados.