Fugas - Vinhos

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A grandeza dos velhos tawnies provada nos Taylor’s com meio século

No caso dos “Single Harvest”, ou, na designação original, dos Colheita, há um factor crucial para explicar o seu sucesso comercial: no vinho, a data conta. E no vinho do Porto conta ainda mais. Poucos vinhos do mundo têm um registo tão longo sobre a qualidade das vindimas e se apenas alguns privilegiados podem discutir os méritos do 1863 ou do 1912, é bem mais fácil dissertar sobre os méritos dos anos mais recentes. Para o sector, porém, nem todos os vinhos podem aspirar a este tipo de discussões. Os tawnies são regra geral vinhos de lote, em cuja composição entram vinhos jovens, vinhos de meia-idade e vinhos velhos ou muito velhos. E estes vinhos de lote são ainda a alma do vinho do Porto — representam a grande maioria da produção do sector.

Colocar no mercado vinhos com 50 anos era meio caminho andado para que os consumidores se sentissem atraídos. O resto, dependia da qualidade do vinho. Que é magnífica e mostra o extraordinário poder do vinho do Porto para conservar frescura e ganhar complexidade com a passagem do tempo.

 

Os vinhos

Taylor’s Single Harvest Port 1964 

Elegância e fineza puras. Muito limpo de aroma, ressuma a frutos secos, em especial amêndoa algo torrada, a iodo e também a casca de laranja, que dá ao vinho um agradável toque agridoce. Não é um portento de concentração, mas também não tinha acidez suficiente para mais doçura. É um Tawny mais fino e mais seco (ou menos doce), fazendo lembrar alguns Porto branco, e que impressiona pela sua textura aveludada e pelo seu sabor refinado.
Nota: 95

 

Taylor’s Single Harvest Port 1965

Um vinho cheio de carácter e muito impressivo, que atrai logo no aroma, bastante picante e especiado. Possui grande espessura e profundidade. Está povoado de notas tostadas e de outras igualmente quentes tipo café e tabaco, mas o que sobressai é a sua extraordinária frescura, a sua vivacidade e intensidade gustativa. Magnífico.
Nota: 97

 

Taylor’s Single Harvest Port 1966 

O mais concentrado e doce dos quatros. É também o que tem mais acidez, embora não pareça. Está mais melado e tufado. É essência engarrafada que, depois de libertada, deixa um perfume intenso e agradabilíssmo no ar. Não é tão vivo e explosivo como o 1995, mas tem uma enorme riqueza.
Nota: 96

 

Taylor’s Single Harvest Port 1967

Ao primeiro gole, parece um avatar do 1966, tanto na cor como na concentração. Mas é de outra estirpe. Junta o melhor do 1965 e do 1966. Tem a densidade e a riqueza do segundo e a tensão e a vivacidade do primeiro. Está lá tudo o que se espera encontrar num Tawny velho: aromas e sabores químicos de evolução, tipo iodo, madeiras nobres, verniz, cola (esta nota mais ligada a um nível de acidez volátil elevado, que provoca o famoso vinagrinho), tufados e sugestões de frutos secos, doçura especiada, potência, volúpia, fogosidade e explosão gustativa. Há vários tipos de Porto e todos são bons, mas são os Tawny os que melhor representam a verdadeira essência dos vinhos fortificados do Douro (incluindo a particularidade de envelhecerem na fresquidão granítica de Gaia). E é em vinhos como este 1967 que se vê a excepcionalidade do grande vinho fortificado português.
Nota: 98

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