Fugas - Vinhos

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O mercado do Brasil é chão que dá uvas

Houve, pois, muitas maneiras de conhecer as histórias dos Vinhos de Portugal. Ou pela boca dos 66 produtores (alguns só puderam fazer-se representar, pelos seus importadores e distribuidores), ora durante a vintena de provas organizadas em cada uma das cidades, e dirigidas por críticos de vinhos (Manuel Carvalho, do PÚBLICO, Luís Lopes, Jorge Lucki e Dirceu Vianna Júnior), ora durante as 25 sessões de “Tomar um copo”, mais informais e de acesso gratuito, precisamente para conquistar mais público aos vinhos nacionais. Falou-se de vinhos da talha, das duas cores da Touriga Nacional, dos brancos, dos tintos, do Porto, do Alentejo, de Setúbal, do Dão. Falou-se de harmonização com comidas e doces (Alexandra Prado Coelho, jornalista do PÚBLICO), de aplicações para telemóvel para apaixonados pelo vinho (fê-lo André Ribeirinho, fundador da equipa da Adegga, uma das empresas responsáveis pela produção do evento, e que também desenvolve e comercializa esse tipo de aplicações, como a WineSpot), falou-se de cartoons (Luís Afonso, o autor do Bartoon, no PÚBLICO, foi a São Paulo contar as histórias dos cartoons que desenhou para as comemorações dos 260 anos da Região Demarcada do Douro), falou-se de Camões e de poesia (Adriana Calcanhotto, embaixadora da Universidade de Coimbra, convidou um dos maiores especialistas em Camões, e director da Biblioteca Geral de Coimbra, José Bernardes, a falar do autor d’ Os Lusíadas aos paulistanos).

 

“Querem saber tudo”

Apesar de replicarem os formatos, os eventos no Rio de Janeiro e de São Paulo foram, inevitavelmente, diferentes. No Rio de Janeiro decorreu no CasaShopping, um centro comercial na Barra da Tijuca, especializado em decoração. Em São Paulo, no J.K Iguatemi, um centro comercial cujo carácter aspiracional “jogou claramente a favor de um posicionamento distintivo dos nossos vinhos”, conclui Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, a associação interprofissional do sector que é responsável pela promoção da marca Wines of Portugal.

No Rio de Janeiro o número de presentes tem sido crescente, e andou perto dos cinco mil visitantes; em São Paulo, foram quase três mil. Foram, mesmo assim, números que para a ViniPortugal confirmam o elevado potencial deste mercado para os vinhos de Portugal. “Embora menos que na primeira edição do Rio, é preciso notar que São Paulo é uma metrópole mais cosmopolita, menos lusófona, mas é o maior mercado regional do Brasil. São Paulo representa cerca de 32% do PIB brasileiro e 33% das importações de vinho, enquanto o Rio representa cerca de 11,5% do PIB e cerca de 10% do consumo de vinho importado”, contabiliza Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, que organiza estes eventos em parceria com o PÚBLICO e com os jornais brasileiros Globo e Valor Econômico.

Na perspectiva dos produtores que estiveram em São Paulo, as características dos visitantes eram muito interessantes, pessoas com “conhecimentos sobre o vinho e interessadas em provar e conhecer”. Lígia Coelho dos Santos, dos Caminhos Cruzados, uma produtora do Dão, estava entusiasmada com o nível das perguntas e com o grau de conhecimento que encontrou — “não conhecem as castas todas, mas isso também em Portugal nem toda a gente conhece. Mas já não se limitam a pedir o branco ou o tinto, perguntam pela casta e querem saber a região”, relata. Luís Pato, uma referência no mercado de São Paulo, já sabia ao que vinha: “Querem saber tudo, até dos processos químicos.”

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