Fugas - hotéis

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Um hotel que se vê por fora e se sente por dentro

Por Andreia Marques Pereira ,

É urbano mas não perde de vista o campo. Tem fama de ser um hotel para empresas mas são as famílias que mais ganham no Montebelo, hotel com Viseu aos pés e um sem-número de opções de lazer por toda a região.
Há uma chuva miudinha que vai e vem lá fora, mas aqui é como se o Verão fosse interminável. E aqui é a piscina interior do Montebelo Viseu Hotel & Spa, um espelho de água, iluminado por luz difusa entre colunas redondas, onde vários adultos e mais crianças terminam a semana.
 
Ou melhor, iniciam o fim-de-semana: vimos chegar o grupo, alguns casais e filhos, menos de uma hora antes, explorar rapidamente o andar principal do hotel, subir; vimos depois alguns dos rapazes à beira do elevador, touca na cabeça, toalha pelos ombros — e agora a piscina interior é o ponto de encontro, pais e filhos distribuem-se pela água, jacuzzi, espreguiçadeiras. Se fosse planeado não teria saído melhor — estamos num hotel que declaradamente tem no segmento corporate (ligado a empresas) o seu público mais fiel (e abundante).
 
“No entanto, ao fim-de-semana, chegam as famílias”, explica-nos o director, António Machado Matos. À semana, trabalha-se, portanto; chega o fim-de-semana e descansa-se — é final de tarde de sexta-feira: deixe-se o descanso entrar. Afinal, “sensação, emoção e bem-estar” é uma tríade mágica aqui, onde “o serviço é mais-valia”.
 
Há pontos no hotel de onde se descortinam duas serras: a do Caramulo de um lado; a da Estrela do outro. Temos, porém, de confiar nas palavras de Machado Matos, que aponta na escuridão nublada para o horizonte — estamos na suite presidencial, quarto andar que já foi o último, na primeira vida do hotel que no dia 28 de Outubro cumpriu 19 anos. Esta suite (enorme, incluindo um pequeno ginásio com jacuzzi — e três varandas e um terraço) já foi a melhor do hotel, portanto, até ser substituída pela penthouse obra da remodelação de 2003 que acrescentou 72 quartos aos cem existentes — e uma estrela às quatro. É agora um hotel de cinco estrelas com 22 mil metros quadrados de área.
 
“Quando abrimos, todos diziam ser uma utopia ter cem quartos em Viseu”, recorda Machado Matos. Poucos anos depois, a procura exigiu mais. “Estávamos também a funcionar como operadores, a marcar quartos noutros hotéis”, explica. O Montebelo colocou Viseu na rota do turismo empresarial e deixou de poder acolher todos os que o procuravam para congressos, convenções, seminários e outros que tais — mesmo em termos de espaços de reunião, estes começavam a escassear.
 
Durante um ano, tudo se transformou: acrescentou-se um novo bloco — linhas rectas a contrastar com os ondeados originais, espécies de silos espelhados a comporem as fachadas —, criaram-se mais salas de reuniões (agora 13, que se desdobram em várias tipologias) e abriu-se o spa, no espaço que designaríamos de bem-estar e que tem o seu epicentro na piscina interior, que já existia, ainda que com outra cara. E voltamos ao início, à piscina onde se esquecem (ou se preparam) os cansaços dos dias.
 
Nós acabámos por não desfrutar da piscina, nem sequer de nenhum dos inúmeros serviços do spa — massagens várias, sauna, banho turco — mas isto apenas porque estivemos bem entretidos. Ou não fosse o nosso quarto uma espécie de tela onde o filme que passa é o da paisagem. Passamos a explicar: a nossa suite (executiva) tem luz abundante que não encontra barreiras, já que o vidro preenche quase toda a fachada — na sala, uma das paredes é toda transparente, abrindo portas para uma varanda que se estende até ao quarto, este ainda com janela a toda a altura.
 
À noite, unimos pontos luminosos que tecem o cenário que se vai desvendar pela manhã — esta até demora a revelar-se para lá das névoas, um misto de urbano e rural, coroado por montes a toda a volta; mesmo abaixo, temos vista para o relvado onde se desenha a piscina, curvas suaves. Cá dentro, o conforto é discreto neste pequeno (ou nem tanto) “apartamento”, feito de madeiras escuras e alcatifas claras: o mobiliário tem linhas direitas, há candeeiros em abundância a inventarem oásis luminosos, tanto na sala (sofás de cabedal, mesa redonda com cadeiras, móvel comprido sobre o qual assenta a televisão de ecrã plano), como no quarto (sofás, secretária, novo móvel para televisão igual, duas camas twin e grande roupeiro com portas espelhadas) — o quarto de banho destaca-se pela banheira, hidromassagem, uma miríade de botões e uma série de funções que não tivemos tempo de experimentar.
 
Estamos no quarto andar do bloco mais recente, o que significa passagem pelo amplo saguão onde se abrem todos os andares desta zona: vai de um grande “salão” marcado pelo espaço vazio quebrado apenas por duas ilhas de sofás, até um tecto que lembra o casco de um navio — madeira a cruzar vidro (“quando o clima não está húmido, ouve-se a madeira estalar”, conta Matos Machado durante a visita guiada).
 
Duas vezes por ano, este espaço quase onírico quando o vemos vazio na sua geometria despovoada recebe concertos do Conservatório Regional Azeredo Perdigão (o último misturou jazz e fado) e, nessa altura, a plateia que se monta no “salão” é complementada por “camarotes” instalados nos dois primeiros andares. “Avisamos sempre os clientes para contarem com alguma movimentação até por voltas das 23h.” Uma pequena concessão em troca da total disponibilidade por parte do hotel para responder a todas as solicitações. “Gostamos que nos lancem desafios”, afirma Matos Machado, “é outra mais-valia, a disponibilidade”.
 
Provavelmente na penthouse estas movimentações passam despercebidas. Se a mencionamos é por pura curiosidade, já que o preço, 2200€, a torna interdita a muitos: teve apenas um cliente pagante, logo pela altura da estreia, um luso-americano, que foi o segundo ocupante (o primeiro foi Jorge Sampaio, à altura Presidente da República) e é vista mais como um cartão-de-visita do hotel e do grupo de que faz parte, Visabeira, e uma montra para algumas das suas valências — que se reflectem nas peças da Vista Alegre e Atlantis que fazem parte da decoração. Aqui recebem-se convidados da empresa e upgrades: são mais de 500 m2 em dois andares em mezzanine — que incluem, por exemplo, várias salas e um espaço “bem-estar” (sauna, turco, jacuzzi, solário, mesa de massagens) — tudo acompanhado por varandas, não aconselháveis a
quem sofre de vertigens.
 
Se há algo que surpreende neste hotel, a uma caminhada de 20 minutos do centro de Viseu (nós optámos pelo carro, que o tempo não está para passeios, e poucos minutos depois estacionamos), é a sua transparência — vê-se por fora, mas sente-se por dentro: a luz entra em abundância em muitos dos seus espaços e muitas das áreas comuns abrem para terraços imensos que nos permitem ir do bar-lounge, com piano (e pianista à sexta e sábado: leva-nos por territórios bossa nova e jazz), ao grande restaurante (com sala de fumadores a juntar-se a um imenso salão que também permite fumo), em esquina.
 
É aqui que se serve o abundante pequeno-almoço, em buffet, e é aqui que jantamos. Não seguimos as sugestões da chef, Cristina Almeida (entre outras, medalhões de vitela com arroz de frutos secos e filetes de robalinho em brandada), apenas porque não resistimos ao bacalhau em crosta de broa — “É a especialidade da casa”, dizem-nos depois, quando o garfo já mergulha no bacalhau perfeitamente dourado.
 
Voltamos às entranhas do hotel que fica numa elevação em torno da qual se desenvolve uma área residencial (tranquilidade assegurada, portanto). A vasta área de congressos, com a sua miríade de salas, convive com o lazer da piscina interior e spa no andar -1. Mas não se espere um espaço claustrofóbico — todas as salas abrem para o jardim (excepto um salão de jogos, mais retirado). No Verão, até o ginásio se estende para o relvado e a piscina exterior recebe aulas de hidroginástica e aeróbica.
 
Não importa a estação, todos os clientes do Montebelo Hotel & Spa têm para usufruir um mundo que não se confina às suas paredes — o grupo Visabeira possui uma vasta oferta de lazer na região com descontos aos seus hóspedes (incluída em alguns pacotes): desde bar e pista de gelo, bowling, golfe, parque radical, desportos náuticos (Aguieira) e experiências rurais (Casa da Ínsua). “Viseu tem múltiplas disponibilidades e nós uma mão-cheia [delas]”, resume o director-geral.
 
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No Spa
Além dos equipamento referidos, o spa oferece um vasto leque de tratamentos e massagens que prometem relaxar o stress mais aguerrido. As massagens shiatsu e ayurvédicas convivem com a de pedras quentes ou, mais específicas, a tonificante para golfistas e anti-celulítica. Os tratamentos podem ser caviar, chocoterapia ou de lamas marinhas e cascas de laranja; os peelings podem ser de pétalas e hibiscos ou chá verde, entre muitos outros. Quem preferir pode optar por programas de tratamento específicos e usufruir de um pacote de tratamentos orientados para o objectivo.
 
À la carte
O Montebelo disponibiliza uma série de programas de estadia que permitem conciliar os seus principais interesses a um preço mais interessante do que os de balcão. As ofertas são para os aficionados do golfe (com oferta de green fee), os que buscam romance ou gozar os “anos dourados”, os que não passam sem provas gourmet e vínicas, os que apreciam arte e os que querem ter experiências geladas. Os preços dos pacotes variam entre os 76€ e os 89€ por noite ou os 85€ e os 89€ por duas noites — sempre por pessoa.
 
A Fugas esteve alojada a convite do Hotel Montebelo
Nome
Montebelo Viseu Hotel & Spa
Local
Viseu, Coração de Jesus, Urbanização Quinta do Bosque
Telefone
232420000
Website
http://www.montebeloviseu.pt
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