As torres de Tróia não constam deste top, mas também são de Conceição Silva. Susana Lobo acha-as "lindíssimas" e "incompreendidas". O que ajuda a explicar a sua escolha seguinte, o Hotel Dom Henrique, que é também uma torre, embora em ambiente urbano, construída no topo da Rua do Bolhão (Porto), entre 1966 e 1974, com projecto de José Carlos Loureiro.
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O programa inicial sob encomenda do banqueiro Pinto Magalhães previa um edifício de escritórios articulado por um espaço comercial. "Mas a meio é alterado e transformado num hotel. O que mostra a autonomia formal do projecto e reforça a sua imagem de isolamento, em ostensiva ruptura de escala com o centro histórico da cidade". Certo, mas por isso mesmo, porque se trata de um arranha-céus brutalista, que choca abertamente com a fisionomia pitoresca do centro portuense, o Dom Henrique não passa de um mamarracho para muita gente.
Susana Lobo defende a sua dama: "O facto de ser construído em betão aparente, para mim, é causa de entusiasmo. A visão negativa que as pessoas têm deste tipo de edifícios tem muito a ver com a circunstância de, a partir dos anos 70, a construção ser feita em altura nas periferias. Então associase a construção em altura a falta de qualidade. Mas o facto de se construir em altura permite fazer uma construção pontual. Permitiu, por exemplo, manter Tróia até agora quase intacta".