O Ritz representa a consagração de Porfírio Pardal Monteiro, um dos primeiros arquitectos modernos portugueses (Cidade Universitária, Biblioteca Nacional). É a consagração, mas também a obra derradeira, uma vez que o autor não esperou pela inauguração para se suicidar, tal como Diamantino Tojal, construtor do hotel. Ambos padeciam de doenças terminais e por isso decidiram pôr termo à vida. Tão macabra coincidência despertou, no entanto, rumores de que o hotel estava mal construído, ao ponto de arquitecto e construtor se terem suicidado.
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Boatos obviamente infundados e hoje o colossal volume de 15 andares, levantado parcialmente sobre pilotis, "esta forma pura e branca que se mostra à cidade", é um dos ícones da Lisboa Modernista. Essa monumentalidade, comenta Susana Lobo, encerra um paradoxo: "Inaugurou em 1959, precisamente o mesmo ano em que lá acabaram os congressos de arquitectura moderna, colocando um ponto final ao modernismo". A ironia não se fica por aí: "Outra coisa interessante é que este hotel, que tem essa imagem de modernidade, foi apadrinhado por Salazar, que até foi falar com o Ricardo Espírito Santo, um dos principais accionistas, quando lhe interessava dar fora de portas uma imagem de actualidade de Portugal".
Estratégias salazistas à parte, o Ritz foi uma das primeiras obras de "arte total" edificadas em Portugal, integrando expoentes de várias áreas, incluindo pintura, escultura, cerâmica, tapeçaria e arquitectura paisagista. António Viana Barreto desenhou os jardins no terraço por cima das lojas, uma solução brilhante para resolver a relação do hotel-quarteirão com a envolvente.
Nome
Ritz - Four Seasons Hotel
Local
Lisboa, São Sebastião da Pedreira, Rua Rodrigo da Fonseca, 88
