Fugas - hotéis

  • João Cordeiro
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O hotel do feng shui

E essa casa de banho é, se o podemos dizer, uma das assinaturas estilísticas do hotel — outra é o sistema de iluminação nos quartos, que disponibiliza um leque de opções que criam diferentes atmosferas, ainda que por vezes de forma pouco intuitiva. Porque não nos ficamos pela terra: visitamos a água, o fogo, o metal e a árvore (madeira), os elementos tradicionais do feng shui. Se o estilo dos quartos é o mesmo, as cores e os materiais variam de acordo com o elemento que preside a cada um. Os pisos, por exemplo, podem ser de derivados de cortiça ou imitações de betão, em cinza cru; as paredes podem ser imaculadamente brancas, desenhar grandes flores (transparentes) ou revestir-se de papel de parede retro; o mobiliário pode ser de madeira clara ou escura — quase sempre compondo cabeceiras de cama que se prolongam em mesas-de-cabeceira e tomando forma, de uma maneira ou de outra, de secretárias que compõem, com mais ou menos relevância, áreas de trabalho; e as almofadas são quase sempre os motivos mais coloridos.

Voltamos ao ponto de partida já com o dia instalado e a entrar abundantemente no lobby. O relance da noite anterior ganha ainda maior dimensão visto com luz límpida da manhã. Os tectos altos em clarabóia do centro alimentam os recantos desta recepção, onde a madeira se impõe com leveza e se desfaz em várias salas de estar. Em torno da lareira, que no Inverno é mesmo acesa, do The Urban Bar; ou na sala de jogo — mesa de snooker, com pano azul a condizer com os sofás e puffs, e ecrã a pensar em futebol, em volta da mesa-alta-quase-balcão junto a estantes com livros ou naquele canto todo ele feito de puffs e a chamar para descontracção total —, o contrário (ou não) do espaço dos computadores. E, claro, nas várias ilhas de sofás que povoam os espaços em branco com cores neutras até explodirem em intromissões rosa choque.

Se o bar, escondido, é aberto ao público em geral, este mais facilmente dá de caras com o restaurante, que se abre em várias portas-janelas directamente para a rua: tivera uma esplanada e seria incontornável. Chama-se Open Brasserie Mediterrânica e oferece uma carta de produtos tradicionais (e, sempre que possível, biológicos) que acompanha a sazonalidade — e não esquece os pratos vegetarianos e vegan, por exemplo.

E se o público se aventurar mais portas dentro, subir a escadaria de madeira que é o final do lobby-salão, chega a outro espaço aberto a todos. O spa The Retreat é isso mesmo, um retiro labiríntico (e perfumado) onde perdemos o sentido de onde estamos. A música suave envolve-nos à medida que se desdobram as salas de tratamento, entre jardins flutuantes, até desembocarmos na sala de relaxamento, onde um jardim vertical contorna a ausência de luz natural. Ainda na órbita do spa, um pequeno ginásio e uma zona húmida (jacuzzi, sauna e banho turco) são espaço de livre-trânsito para hóspedes.

Ao, eventualmente, sairmos do hotel, estamos no centro de Lisboa — a rua não é caótica, pelo menos ao fim-de-semana, e oferece cafés, restaurantes, esplanadas e até uma mercearia bem abastecida. Uma rua de bairro para um hotel cosmopolita — e inspirador. 

Nome
Inspira Santa Marta
Local
Lisboa, Coração de Jesus, Rua de Santa Marta, 48
Telefone
210440900
Website
http://www.inspirasantamartahotel.com/
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